pensando em Chaplin

Quando subia de carro a Quintino Bocaúva, catei um CD para ouvir, entre os vários que viajam comigo diariamente. Saltou aos olhos a capa vermelha de um dos álbuns da série televisiva Glee,e vamos ouvir, então. Lá pelas tantas, "Smile", numa linda versão do clássico chapliniano. E pensei...

Temos três coisas em comum: somos canhotos, temos o mesmo prenome (versão em português, of course) e somos mais conhecidos pelo apelido que pelo nome completo. Aliás, como o Charlot/Carlitos, acho que também o Guto é uma persona do Carlos Augusto Borba Meyer Normann.

Chaplin teve uma vida dura. Mãe doente, pai falecido pela cirrose hepática, consequência de seus pesados hábitos etílicos... No entanto, de seus pais, Charles e Sidney herdaram o talento e a veia artística. Charles e Sidney participaram de companhias artísticas, e foram para os EUA, com a trupe de Fred Karno. Charles dividia um quarto de pensão com um certo Stan Laurel, o Magro da dupla com Oliver Hardy. O trabalho de Chaplin foi reconhecido por Mack Sennet, da Keystone Film Company. Na Keystone, nasceu o vagabundo Charlot/Carlitos, seu personagem definitivo, sua persona. Sua linguagem no cinema mudo permitiu que o hábito de ir ao cinema se popularizasse junto às legiões de imigrantes que chegavam à América, popularizando o vagabundo.

Sua carreira evoluiu. Concretizou-se como cineasta, compositor, ator e como homem de opiniões. Suas personagens, muitas vezes, remontam sua infância difícil. O nome de sua mãe, Hanna, é o mesmo da personagem vivida por Paulette Goddard, com quem Chaplin contracena em seu primeiro filme falado, "O Grande Ditador". Também destaco o fato de Chaplin mostrar, via de regra, patrões e senhorios opressores se dando mal, com toalhas quentes em barbearias, tijolos e tropeçadas, entre outras gags do estilo "pastelão". A denúncia ao nazismo e ao fascismo n"O Grande Ditador", a crítica à sociedade em "Tempos Modernos" só têm contraponto na ternura do dueto com a musa Paulette Goddard nesse mesmo filme, aliás.

Charles teve uma atuação política admirável. Isso custou uma implacável perseguição política pela corja macartista que dominava a inteligentzia americana nos anos 50. Chaplin voltara para a Europa, instalando-se na Suíça, em Vevey. Produziu ainda dois últimos filmes, o derradeiro "A Condessa de Hong Kong", com Sophia Loren. Foi consagrado Cavalheiro do Império Britânico, nada mau para um menino pobre e faminto, a quem a vida fez romper trevas e nascer luz. Nas palavras do personagem de "O Grande Ditador":

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!."
Professores são figuras meio chaplinianas, como diria o amigo Sidnei Borges. A graça do desvalido, a redenção do oprimido aproximam o descrente Chaplin da mensagem de Jesus Cristo. A denúncia dos males, dos preconceitos, das ditaduras, e a valorização das pessoas oprimidas do gueto, da vendedora de flores, do garoto, do cão vira-lata, dos operários...nada mais cristão que o exemplo de vida do "ateu" Chaplin.

Portanto...

Smile, though your heart is aching
Smile, even though it's breaking
When there are clouds in the sky
You'll get by...
If you smile
With your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile if you'll just...
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just...
If you smile
With your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just Smile...
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just Smile

Comentários

  1. Caro soldado 721 Meyer, que prazer em reencontra-lo , ainda que virtualmente. Quem escreve era seu colega de sargenteação do 3º BComEx Sd Gilson. Espero um dia nos encontrarmos para rirmos muito da nossa época da caserna. Meu mail é gilson.santiago@ig.com.br
    Um abraço

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  2. Falaí, Gilson!!!! Claro que lembro de ti!!! Vamos, sim, juntar a galera! Passa lá no meu facebook, ali tu achas o Felipe Marques, o Marchese e mais umas pintas daquela época!!! Abração!!!

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