Botelho pra fora esse cara!!!

O musical é bom. Eu tenho a trilha do mesmo, produção bem cuidada, bom preparo vocal. Tá, não o assisti presencialmente, mas a trilha me acompanha a bordo na estrada, é parte de meu setlist do tocador de CDs do carro. E é Chico Buarque pra teatro, onde temos boa parte do filezão de sua obra musical. Ópera do Malandro, Calabar, Roda Viva, verdadeiras pérolas foram compostas para as peças de Chico e seus parceiros.

Acontece que os tempos da delicadeza cada vez mais se afastam de nós, e a coisa tá mais pra Duran que pra Teresinha. E eis que, num sábado de noite, em Belzonte, o sr. Cláudio Botelho, diretor e produtor do musical "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 minutos" resolve ser engraçadinho, e num ato de caitituagem explícita, resolve chamar a presidenta de ladra e o ex-presidente-ex-atual-ex(depende da liminar de plantão) ministro-chefe da Casa Civil do mesmo adjetivo.

Vamos combinar, que Chico Buarque não tem entre a coxinhagem militante fãs declarados. E que quem curte o filho do Sr. Sérgio Buarque anda no lado esquerdo da coisa toda. Meio natural o coro de "não vai ter golpe". Como falou o cronista da Folha Tony Góes, "na verdade, (Cláudio Botelho) demonstrou insensibilidade e deselegância: criticou o governo petista justamente num musical que homenageia um dos mais célebres apoiadores deste governo." Pra continuar a celeuma, após o espetáculo precocemente interrompido, ele, no camarim, discutiu com colegas e chamou os espectadores da peça de "bandidos", "neofascistas" e "filhos da puta". Declarou que "são escrotos, são petistas, são o que há de pior no Brasil". Ainda com ares de prima donna, esbravejou que "a peça é minha, eu sou o dono"... Coroando o colar de pérolas, afirmou ainda que “o ator quando entra em cena é um rei, não pode ser peitado por um negro filho da puta que sai da plateia. Não pode”. Feita a caca, dinheiro devolvido à plateia, autorização de uso das músicas de Chico negada pelo próprio.

Pausa. Todo mundo sabe que Chico é apoiador de primeira hora do atual governo, até por questão de coerência histórica e sintonia com sua própria obra. Tentar enfiar um "caco" de gracinhas contra a presidenta e o ex-atual-ex-atual ministro da Casa Civil é, no mínimo, falta de sensibilidade. Se Chico Buarque tem é um público fiel e coerente. Comparar a ação do público com a truculência do CCC nas apresentações de Roda Viva em Sampa e Porto Alegre é desconhecer a História. Na época, Roda Viva foi considerada "degradante e subversiva", e o elenco tomou porrada direto do CCC e dos órgãos paramilitares de plantão. 

Esse daí merece o troféu "Não peguei o espírito da coisa"!

Comentários

  1. Pois é Guto, tem gente que ainda não entendeu o que estamos vivendo, incitar ódio é mais fácil do que relembrar o passado para não repeti-lo. Triste.

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  2. com certeza, Ciça. O "tempo da delicadeza" que o próprio Chico cantou está a cada dia mais perdido nas brumas dos jornais nacionais, esfumaçado na fogueira dos ódios e vaidades...

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