Ecos do Eco...

Volta às aulas, o mundo mais pobre sem Umberto Eco. Escritor, semiólogo, bibliófilo, filósofo e homem UMBERTO ECO Eco nasceu em Alessandria , Itália, em 05 de janeiro de 1932 e morreu com a idade de 84 em Milano, Itália, em 19 de janeiro de 2016. 

Foi titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bologna. Ensinou temporariamente em Yale, Columbia, Harvard, Toronto e no Collège de France. Umberto Eco foi Presidente da Scuola Superiore di Studi Umanistici, da Universidade de Bolonha . Além disso, ele escreveu uma infinidade de textos acadêmicos, livros e ensaios das crianças.Não é pouca coisa...

São notáveis a coletânea de ensaios As formas do conteúdo (1971) e o livro de grande fôlego Tratado geral de semiótica (1975). Nesses textos, Eco sustenta que o código que nos serve de base para criar e interpretar as mais diversas mensagens de qualquer subcódigo (a literatura, o subcódigo do trânsito, as artes plásticas etc.) deve ser comparado a uma estrutura rizomática pluridimensional que dispõe os diversos sememas (ou unidades culturais) numa cadeia de liames que os mantêm unidos.

Como consequência de seu interesse pela semiótica e em decorrência do seu anterior interesse pela estética, Eco orienta seus trabalhos para o tema da cooperação interpretativa dos textos por parte dos leitores, uma via de mão dupla. Lector in fabula (1979) e Os limites da interpretação (1990) são marcos dessa produção, que tem como principal característica sustentar a ideia de que os textos são máquinas preguiçosas que necessitam a todo o momento da cooperação dos leitores, a fim de ter sentido. Dessa forma, Eco procura compreender quais são os aspectos mais relevantes que atuam durante a atividade interpretativa dos leitores, observando os mecanismos que engendram a cooperação interpretativa, ou seja, o "preenchimento" de sentido que o leitor faz do texto, procurando, ao mesmo tempo, definir os limites interpretativos a serem respeitados e os horizontes de expectativas gerados pelo próprio texto, em confronto com o contexto em que se insere o leitor.

Umberto Eco é conhecido por seu romance Il nome della Rosa (O Nome da Rosa), que foi publicado em 1980. O livro é um mistério intelectual combinando semiótica na ficção, a análise bíblica, estudos medievais e teoria literária. Em 1986, foi lançado o filme com o mesmo nome, dirigido por Jean-Jacques Annaud e estrelado por Sean Connery. O detalhe é que Umberto achou estranho que o monge, baixinho, William de Baskerville, fosse representado pelo galã Sean Connery, o eterno James Bond. Pra quem se liga nos jogos de palavras e símbolos de Eco, vai sacar logo a analogia entre o monge e seu pupilo Adso com outra dupla, digamos, elementar... algo como um certo detetive criado por Conan Doyle, um dos grandes ídolos do mestre italiano. O prenome do personagem vem do filósofo inglês William de Ockham, aquele que não curtia muito o papa João XXII, pois, para ele "um cristão não contraria os ensinamentos evangélicos ao se colocar ao lado do poder temporal em disputa com o poder papal." Ockham ainda afirmou que  todo conhecimento racional tem base na lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos. Totalmente Eco...

Sua novela de 1988 O Pêndulo de Foucault poderia ser descrita como "O Código Da Vinci do homem que pensa". Dividido em dez segmentos representados pelos dez Sefirot, é cheio de referências esotéricas à Kabbalah, alquimia e teorias de conspiração. O título do livro refere-se ao pêndulo projetado pelo físico francês Léon Foucault para demonstrar a rotação da terra. Na trama, sociedades secretas estão envolvidas em um suposto plano que governaria a humanidade. O texto é rico em informações e idéias, além de conter trechos de livros antigos e raros. O Pêndulo de Foucault, conforme Eco, "brinca com teorias conspiratórias e teve início com uma pesquisa entre 1.500 livros de ocultismo." Aliás, segundo o próprio Eco, Dan Brown teria bebido dessa fonte para criar seu investigador de "O Código Da Vinci", Robert Langdon.

Eco era um apaixonado (como eu) pelas Histórias em Quadrinhos. Amava Mafalda, Peanuts, Superman, entre tantos. Sobre Mafalda, afirmava que ela “... não é apenas um personagem das histórias em quadrinhos: é o personagem dos anos sessenta”. Era severo crítico daqueles que desvalorizavam a HQ. Concordo com o mestre...

Perdeu o mundo. Perdeu a cultura. Um grande luminar se perde. Fica uma obra instigante, inquietante.

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