gerações...(ou: I can get no satisfaction)

Outro dia, fomos buscar Sophia, para jantar conosco e deixá-la em casa, num final de feriado. Para minha alegria, ao invés de usar roupas com motivos de bandas contemporâneas e coisas do tipo, minha primogênita usava um moletom com a clássica logomarca dos Rolling Stones, criada por John Pasche. Orgulho paterno, fiquei feliz ao ver que Sophy estava se abastecendo do bom e velho rock'n roll.

Tudo bem, quem me conhece sabe que priorizo a MPBdaB nos ouvidos, no CD do carro, o tempo todo. Mas vamos combinar, quem é que não curte "Satisfaction", "Lady Jane", “Sympathy For The Devil”, “Start Me Up” e outros hits da turma de Mick Jagger? Batizados não com o nome de uma das músicas do mitológico Bob Dylan, mas com o nome de uma canção de Muddy Waters, os caras começaram na estrada em 1962. Isso significa muito tempo de pedras rolando... Contemporâneos dos Beatles, assim como os caras de Liverpool, a turma de Jagger influenciou e influencia a cena pop desde os anos 60. Quem ouve Cazuza, Barão Vermelho (A.C e D.C., antes e depois do Cazuza, of course), Titãs, Paralamas, Fito Paez, muito do rock gaúcho, irá certamente ver a influência dos gringos doidões nos riffs de guitarra.

A banda é formada por figuraças. O mais discreto da banda, o batera Charlie Watts, figura sóbria no palco, jazzeiro de primeira ordem, foi capaz de sentar a mão na cara de Jagger certa vez. Trêbado, Mick Jagger, numa excursão, ligou pro apartamento de Watts, pedindo pelo "seu baterista". Minutos depois, Charlie apareceu pessoalmente no apartamento de Jagger. Fulo da vida por ser acordado pelo embriagado Jagger, sentou a mão nos imensos lábios do vocalista e declarou apenas duas frases: "Nunca mais me chame de ‘seu baterista’. Você que é o meu vocalista, seu bosta!". Definitivamente, rock'n roll é atitude, e não estereótipo.

Ron Wood, guitarrista dos Stones e, eventual parceiro de muita gente boa da cena pop, enfrenta seus sérios problemas com drogadição. Contudo, é um pusta guitarrista, e também um grande artista plástico, com exposições mundo afora. Dele, por sinal, é a delicada arte da capa de um dos álbuns de Eric Clapton, Crossroads

Keith Richards...esse é figura!! Ele foi considerado o quarto melhor guitarrista do mundo pela Rolling Stone norte-americana. O cara é highlander: sobreviveu aos bombardeios das V-1 nazistas na Inglaterra dos anos 40. Dizem que, se houver um megabombardeio atômico na Terra, só duas coisas sobrevivem: baratas e Keith Richards! De vez em quando dá vazão ao lado de ator, como quando fez o pai de Jack Sparrow (quem mais poderia ser?), na franquia Piratas do Caribe. Richards consumia quantidades hercúleas de tudo que for droga que você imaginar...heroína, mandrax, mescalina, LSD, maconha, croquete de boteco, ovo rosa, além de muitas bebidas alcoólicas de teores alcoólicos industriais. Contudo, o doidão-mor dos Stones é um cara muito ligado em seus netos e em seu avô, Gus, que lhe iniciou no violão. Avô de cinco netos, Keith admitiu que foi o seu avô Gus que o fez apaixonar-se pela música e a escolher a guitarra como instrumento para toda a vida. Tanto que, em 2014, escreveu uma história infantil com ares de singela homenagem ao avô, chamada "Gus & eu", em parceria com Barnaby Harris e Bill Shapiro, editada em setembro de 2014 na língua inglesa.Um segredinho técnico do guitarrista é a afinação de seu instrumento. Richards aprendeu e adotou, por influência do arranjador e guitarrista norte-americano Ry Cooder a afinação em sol aberto, em que a guitarra é afinada num acorde em G maior: ré-sol-ré-sol-si-ré. Os bluesman do Mississippi,  como Robert Johnson e Charley Patton, usavam essa afinação. 

 O bisavô Sir Mick Jagger comanda a voz do bando. Famoso pela performance de palco e pela vida de alcova, não raro sua vida afetiva e sexual é estampada pela mídia. Que o diga uma certa apresentadora brasileira de televisão, cujo nome não vou citar por elegância. Para um cara que abandonou a London School of Economics para ser vocalista dos Stones, o cara até parece levar jeito pra negócios. É ele quem pilota, e bem, a parte de grana da banda. O cara deve entender do riscado, pois embolsaram a bagatela de US$ 414,3 milhões na turnê A Bigger Bang...nada mal pra um bando de tiozinhos coroas doidões!

Cada vez mais me convenço que o melhor da música no mundo ainda é o que foi semeado nos anos 60 e 70, salvo raríssimas e gloriosas exceções. De fato, o bom da MPB ainda é a obra dos tiozões Chico, Milton (e o Clube de Esquina), Benjor, Edu, Tom, Valle, Baden, Hime, Bosco, Gil, Caetano, tia Joyce, tia Rita, Santa Elis do IAPI, Mercedes de Tucumán, Dylan, Simon & Garfunkel, Beatles, Stones, Led, Pink... O que não é 60-70, de uma forma ou outra, tem a marca dessa galera. Que o digam os Paralamas, Barão e toda a galera que bebeu e bebe nessas fontes maravilhosas de talento. Os riffs de guitarra, a pegada, o pique, sempre remete aos talentosos vovôs daqui e de além mar. It's only Rock'n Roll, but I like It!

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