caro Raul (sobre dona Jacobina Maurer)

Do abismo do meu sono
Eu trago a luz da verdade
Anuncio o fim dos tempos
Para os campos e cidades
A divina natureza
Faz de mim sua vontade
Jacobina, libertina
Aliada de Satanás
Jacobina, libertina
Picada do Ferrabráz
Aos enfermos trago a cura
Que me revela a divindade
Das sagradas Escrituras
Prego o amor e a caridade
Nem baionetas caladas
Calarão minha verdade
Os anjos estão comigo
Eu trago a ressurreição
Ao cerco do inimigo
Nós não damos rendição
Será a paz sobre cinzas
Morremos de armas na mão.
Chacina, chacina, chacina.


Raul Ellwanger...não é segredo que sou teu admirador, fá de apitinho mesmo. Resolvi blogar hoje em tua homenagem, mestre. Já vais ver o motivo!

Pois eu tenho o hábito de trabalhar com um par de fones enfiado nas orelhas, para concentrar as ideias e manter o foco. E lasquei no Youtube uma lista de canções de um certo festival lá nos anos 80, pensei ser uma fonte de boa coisa para os ouvidos, mente e alma.

E foi melhor que a encomenda. Ali, a voz da Nana Chaves, e a lindíssima Jacobina, tua obra com o Luiz Coronel. E veio a memória afetiva, afinal, quero trazer à memória o que pode me dar esperança, diria o seu Jeremias. E trouxe. Faz um tempinho nessas quebradas da vida, lembro de mim mesmo, na época um adolescente, vendo a apresentação. Lembro de torcer por vocês na frente da televisão, família junto, assistindo o Festival lá em algum lugar do passado.

A saga de Jacobina, poeticamente descrita por ti e pelo Luiz Coronel, embalada pela voz da Nana, é atual pra caramba, mestre! Relembrar a saga daqueles colonos, liderados por uma mulher de forte discurso messiânico, com palavras de fé, esperança e resistência nos lábios, conhecedora dos segredos das ervas da cura, passados pelo marido, sempre emociona. Lembrar da mulher chamada de fanática, de louca, chamada de prostituta pelos carolas e coronéis da época, alguns que até viraram nome de rua nas cidades do vale do Rio dos Sinos e de Porto Alegre, por sinal, nos faz (re)ver as mazelas da sociedade de forma profunda.

É, Raul, Uma sociedade em que pobres não tinham vez, em que a cura é sinônimo de pila, em que uma mulher de coragem que levante a voz é desqualificada, é chamada de doida, de puta, de fanática... cada vez  mais, vemos que nem tudo mudou, mestre! Felizmente, há vozes profetas como a tua e do Coronel, anunciando "a luz da verdade", "para os campos e cidades".. Um abraço, querido!

Ah, divido com o pessoal a pérola!!


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