do imortal Geraldinho Carneiro


Um pouco de notícia bonita pra gente... hoje, coloco aqui no nosso blogue quatro excelentes motivos pra concordar com a escolha de Geraldo Carneiro para a Cadeira 24 da Academia Brasileira de Letras. Ah, não conhece o cara? Filho de Geraldo Carneiro, ex-secretário do presidente JK, ele é poeta, letrista, escritor, teatrólogo, roteirista, joga nas onze. É irmão e parceiro do músico Nando Carneiro. Parceiro de gente muito boa, além do mano... compôs com Astor Piazzolla, Vinícius de Moraes, Egberto Gismonti, Francis Hime, Tom Jobim, entre outros gênios. Escreve muito, tanto livros, nas mais variadas formas, quanto roteiros de cinema, televisão e teatro. Traduziu Shakespeare, adaptou Ubaldo Ribeiro para o cinema ("A casa dos Budas Ditosos"), adaptou Stanislau Ponte Preta para nossos dias ("As Brasileiras"), além de tocar piano como gente grande. Multi-artista, mereceu a vaga na cadeira 24 da ABL. Ao novo imortal, parabéns!!!! Aqui, umas palhinhas de sua arte...


Balão (Geraldo Carneiro e Nando Carneiro)

Quase meia noite
na minha cidade
a felicidade
sobe num balão

No meio da noite
Na minha cidade
A felicidade
Sobe num balão

Na dança do vento
Ele sobe e samba
Vai pra Cochabamba
Ou pro Paquistão

Feito a doida lua
a lua morena
baila nas antenas
de televisão

meio bailarino
meu balão moderno
fogaréu no inverno
parece um verão

Ou algum navio
de papel de seda
uma labareda
na escuridão






Caravelas (Geraldo Carneiro e Egberto Gismonti)


Segue o teu caminho minha caravela
Vai por outros mares outras terras
Eu sou marinheiro e revirei o mundo
Pra descobrir o exílio no coração

Pelos sete mares enfrentei quimeras
Mas não sei domar as minhas feras
Fui sem oriente no rumo de outras Índias
Perdido nas neblinas da ilusão

Minha caravela aprendi a ver estrelas
Onde o céu andava escuro de paixão
Tive uma sereia que me alucinava
Que me amava e socorria nas batalhas contra o vento

Via a lua branca refletida n'água
Naveguei por tantas Nicaráguas
Embarquei num sonho perdi minha fragata
Fiquei a ver navios na imensidão



Palhaço (Geraldo Carneiro e Egberto Gismonti)

De noite na rua em frente ao parque
A minha solidão é sua
De certo sei que você vaga
Em qualquer parte sob essa vaga lua

A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maus tratos

De noite alguém de certo lhe ampara
Por onde hoje você anda
Mas sem olhar sua ciranda louca
Daquele jeito que lhe desmascara

A noite esconde as cicatrizes
Esconde as carícias e os maus tratos

Agora bêbada você estremece
Como se ainda não soubesse
Em frente à porta desse bar
Em que embarca sob essa vaga lua

E a luz da lua, pura nitidez da marca
Mais nua, mais clara, mais crua




Água e Vinho (Geraldo Carneiro e Egberto Gismonti)

Todos os dias passeava secamente
Na soleira do quintal
A hora morta, pedra morta, agonia
E as laranjas do quintal
A vida ia entre o muro e as paredes de silêncio
E os cães que vigiavam o seu sonho não dormiam
Viam sombras no ar
Viam sombras no jardim
A lua morta, a noite morta, ventania
E um rosário sobre o chão
E um incêndio amarelo e provisório
Consumia o coração
E começou a procurar pelas fogueiras
Lentamente
E o seu coração já não temia as chamas do inferno
E das trevas sem fim
Haveria de chegar o amor
E começou a procurar pelas fogueiras
Lentamente
E o seu coração já não temia as chamas do inferno
E das trevas sem fim
Haveria de chegar o amor

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