Colégio Americano, cfe João Paulo

Para entendermos o surgimento da proposta educacional metodista no Rio Grande do Sul, contamos com o texto do professor, compadre e amigo João Paulo Aço, docente no Centro Universitário IPA. O Americano é o mais antigo colégio em atividade em Porto Alegre. A saga do Americano é iniciada em 1885 com a fundação do Colégio Evangélico Misto - futuro Colégio Americano -, precisamos situar esta proposta educacional em dois contextos.
O primeiro refere-se à situação político-econômica do Império e ao modelo escravagista brasileiro. Já se fazia observar, naquele período, o surgimento de ideias políticas como o Positivismo e a República. Preconizavam-se também a necessidade de aperfeiçoar o serviço público e a industrialização do país.
Observa-se no Brasil do final do século XIX uma abertura das elites liberais a modelos civilizatórios novos, especialmente aqueles trazidos da França e dos Estados Unidos.  Estas elites, ao almejarem o “progresso” do país, abriam-se para novos modelos: jurídicos, culturais, educacionais entre outros.
Por intermédio das novas ideias educacionais acreditava-se poder atender não apenas uma parcela da elite dominante, mas também às necessidades de uma incipiente classe média urbana formada por pequenos comerciantes, profissionais liberais, operários mais qualificados entre outros.
Várias escolas protestantes foram fundadas neste contexto de mudança e abertura. O trabalho missionário destes protestantes fez fundar escolas em cidades como Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Piracicaba, Juiz de Fora entre outras.
Foi dentro deste contexto que o Colégio Evangélico Misto (futuro Colégio Americano) foi fundado pelo Dr. João Correia em 19 de outubro de 1885. João Correia foi designado pelo Bispo norte-americano Thomas Wood, que dirigia o trabalho metodista no Rio da Prata.
Juntamente com o Dr. João Correia, aqui chegou a jovem Professora Carmen Chacon, representando a Sociedade Missionária de Mulheres dos Estados Unidos. Esta entidade associativa  foi, durante décadas, responsável pelo envio de missionárias e recursos financeiros a Porto Alegre a fim de atender as necessidades pedagógicas e financeiras do Colégio Americano.
Infelizmente, a jovem Carmen Chacon faleceu precocemente, justamente no dia em que era proclamada a República no Brasil (1889). Sua breve passagem, porém, não impediu que seu nome ficasse registrado na história do Colégio Americano.
A partir de 1889, a missionária Marta Hegeman assumiria a Direcão do colégio. Desde então, a escola passaria a ser chamada Colégio Americano. Entre 1885 e 1919, o Colégio Americano funcionou em um prédio alugado nas proximidades do centro de Porto Alegre. Apesar das instalações, o ensino do colégio sempre buscou recriar o ambiente educacional que as missionárias haviam conhecido nos Estados Unidos.
O segundo contexto do desenvolvimento da proposta educacional metodista refere-se à visão de mundo e aos valores das missionárias norte-americanas que aqui chegaram.
As missionárias haviam conhecido os impactos da Guerra de Secessão e a experiência dos colonos pioneiros que ocuparam a fronteira oeste dos Estados Unidos, e, acreditando que aquele ideal de vida norte-americano era o melhor, tentavam criar no Brasil o mesmo modelo de escolas, internatos e colégios, com seus clubes de alunos e ex-alunos, assembleias entre outros aspectos.
Com o tempo, as missionárias do Colégio Americano passaram a se dedicar à educação feminina, acreditando que esta deveria servir de instrumento para o desenvolvimento físico, intelectual e moral da mulher.
Como o Colégio Americano crescia, a sociedade de mulheres metodista norte-americana comprou um prédio na Av. Independência em 1921, ficando a administração do colégio nas mãos da Miss Mary Sue Brown e Miss Sara Stout, que muito fizeram pela educação gaúcha.
Por alguns anos, o Colégio funcionou na Av. Independência, no entanto, em 1945 o Americano mudou-se para  sua nova sede na rua Lauro de Oliveira. Estas  instalações do Colégio eram, para os padrões da época, o que havia de melhor para o ensino. Nesse período, muitas missionárias se destacaram na Direção da escola, como Miss Mary Sue Brown, arquiteta responsável pela construção do Americano; Miss Ruth Dewey Anderson, Miss Mary Helen Clark entre outras. Miss Clark ficou até 1968 na Direção do colégio. Ao aposentar-se, retornou ao seu país natal.
É importante que se diga que o Colégio Americano dos anos 50 e 60 tornara-se uma escola muito diferente do que fora no começo. O Brasil havia mudado, a capital gaúcha também, a escola cresceu e as exigências educacionais impostas pelo Estado aumentaram.
Entre os anos 40 e 60 a escola cresceu, desenvolvendo os ensinos maternal, primário, normal com especialização em secretariado, Dietista escolar, Economia do Lar entre outros. Mantinha-se, ainda, a tradição do internato feminino.
Na década de 70, o Americano passou por grandes transformações e, em 1973, foi lançada a ideia de se criar um curso em nível superior no Americano. Para tanto era necessário criar uma outra estrutura jurídica para a escola. Nasceu daí o Instituto Metodista de Educação e Cultura (IMEC), que passou a abrigar o Colégio Americano e a Faculdade de Nutrição. Neste período, destaca-se na Direção o Professor João do Prado Flores, que permaneceu até 1985 na Direção Geral do IMEC, sendo sucedido pela Professora Alba Salgado Belotto. A Faculdade de Nutrição obteve o seu reconhecimento em 1982. Em 1984 os cursos profissionalizantes são extintos, e o Segundo Grau passa a ter ênfase no preparo para o vestibular.
Nos anos 80, o Brasil iniciava um processo de redemocratização. Frente a estas mudanças, o IMEC e o Colégio Americano davam sinais de transformação. Buscava-se agora não somente educar para vida, mas também abrir-se para a educação libertadora. Deste modo, buscava-se preparar o aluno para os valores de uma cidadania moderna e atuante. Estas mudanças foram frutos da influência de importantes pensadores brasileiros como Paulo Freire, Rubem Alves e Moacir Gadotti.
A própria Igreja Metodista, entidade mantenedora do IMEC e do Colégio Americano, propunha nesse período (anos 80) formas mais participativas de educação. Em 1985, assume a Direção do Colégio Americano a saudosa Professora Eliane Thais de Carvalho da Silva, que veio a falecer no início do ano 2000, sendo sucedida pela Professora Adriana Menelli de Oliveira.
Por determinação da Igreja Metodista, a partir de 1987 iniciou-se o processo de unificação administrativa do IPA\ IMEC, o qual buscava criar as condições para uma futura Universidade Metodista do Sul.
Os anos 90 foram importantes para que o Colégio Americano pudesse consolidar sua proposta educacional. No ano de 1994 o Museu Histórico Bispo Isac Aço foi criado com o objetivo de preservar a história de instituição. Em 2002 o Colégio Americano é integrado à Rede Metodista de Educação IPA, junto com o Colégio e Faculdade IPA e Colégio Metodista União de Uruguaiana. No ano de 2003 as Séries Iniciais e o Ensino Fundamental do antigo Colégio IPA foram integrados ao Americano e em 2004 o IPA passa a abrigar apenas os cursos de graduação e pós-graduação da rede, quando os estudantes do Ensino Médio do antigo colégio passam a estudar no Americano. Em outubro de 2005 foi criada a Rede Metodista de Educação do Sul, através da integração do Instituto Metodista Centenário com o Instituto Metodista de Educação e Cultura, o Instituto Metodista União, de Uruguaiana e o Instituto Porto Alegre.

Comentários

  1. Tenho um novo testamento de 1942 com dedicatória da miss Ruth Dewey Andersen. Caso haja entendesse em comprar, entre em contato.

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