na alegria e na tristeza
Ontem, um amigo estava com jeito preocupado. Seu sorriso de sempre estava nervoso, e isso ele não consegue esconder de alguém com quem convive há mais de duas décadas e meia. Olhei fundo nos olhos, e a emoção se fez verbo, e o verbo se fez angústia. Graças a Deus, pude dar um forte abraço nesse amigo, cuja identidade poupo, bem como um estalado beijo na testa, lembrando que estava ali. Como diria Paul Simon, "I'm on your side, when times get rough".
Temos um grupo de amigos que se conhece desde a adolescência. Éramos jovens, sonhadores/as, com idéias e vontades, desejos e ideais. Nem todos moravam em Porto Alegre, em que pese vários do grupo experimentassem alguma época a sina cigana das estradas (inclusive eu). Muitos vieram ao Porto aportar para estudos, alguns aqui ficando, outros indo ao interior natal ou buscando amores e raízes além do Mampituba. Há os que foram, lutaram e voltaram, como bons filhos que ao Porto retornam. Há os que aqui nasceram, aqui ficaram, talvez para esquentar o forno das pizzas ou gelar a ceva...
Muitos dos nossos buscaram o saber. O desejo de conhecer, de graduar e pós graduar era febril, era a chance de afirmação ou ascensão, de garantir um lugar num mercado competitivo e inamistoso. Me lembro de minha despedida, quando fui morar dois anos em Campinas, e como era bom cada retorno, sempre ao redor de uma churrasqueira, em meio a várias latinhas, um chimarrão e o vinho que nossos bolsos estudantes permitisse. Me lembro de encontrar amigos no "exílio", do "churrasco" de paulista na chácara da igreja de Campinas com um pastor também exilao do sul, do mate em São Paulo ou São Bernardo, da lentilha na casa pastoral de uma comunidade em SBC ou de uma prosaica pizza de aeroporto com meu pai, numa rápida passagem por Guarulhos... saudades gostosas...
Metodista é bicho que curte sala de aula. Também, a tal igreja surgiu em Oxford, inventou a Escola Dominical como algo audaz e inovador, alfabetizando pobres, semeou unidades de ensino mundo afora, com qualidade e compromisso... e se fez grande aqui no sul com suas belas escolas,hoje unificadas em um Centro Universitário, no qual leciono com orgulho. O binômio metodista-escola explica porque não é de graça que muitos entre nós dedicam-se hoje à docência, quer seja para o Ensino Fundamental ou Superior. Pese o fato de que muitas de nossas mães eram e são professoras, e o galho não caiu longe das árvores, repleto de frutos prenhes de sementes.
Certamente chama a atenção de nossos colegas de trabalho quando encontro com meus amigos e amigas que aqui também lecionam. As piadas, quase em um código tribal (não de graça que chamávamos nosso grupo de amigos de "tribo"), os trocadilhos beirando a infamidade, as risadas de fatos passados, realmente deixam quem está conosco desconsertado, pedindo explicações a cada gargalhada que brota. Os que se chegaram e as que se chegaram a nós passaram, certamente, por um impiedoso crivo de nossa impiedosa capacidade de humor, mas também conheceram pessoas com um coração por vezes maior que tudo, com uma grande capacidade de acolher e engatar uma amizade "para sempre". A cada vez que, milagrosamente, juntamos esse povo doido, sempre há momentos em que "entregamos" nossos/as amigos/as aos seus filhos/as, que perguntam espantados: "mãe, é verdade?????"..."aí, hein, paizão!!! Não falava nada!!!"...
Infelizmente, assim como o Menino Maluquinho do Ziraldo, temos um inimigo que não conseguimos frear: o tempo. Não aquele que branqueia meus bigodes de forma sutil, ou que faz alguns dos guris abrirem avenidas em seu couro cabeludo, ou deixa as meninas com o jeito de suas mães. Falo do bendito do tempo, que afasta aqueles que dividiam o cordão da calçada em frente à rua Santana, à rua Santa Cecília, a avenida Ceará ou outros de nossos "QGs". Felizmente, o acaso, a internet, o facebook, acabam jogando ao nosso favor. Um email, um telefonema dos que estão longe, sempre servirão para motivo de conversa...e resgate das velhas histórias.
À família que Deus me deu, com todos seus defeitos, ranços, faltas de tempo, mas com um amor gigantesco no coração e um abraço caloroso e sempre bem vindo, dedico este textículo (pequeno texto, né??). Valeu!!!
Temos um grupo de amigos que se conhece desde a adolescência. Éramos jovens, sonhadores/as, com idéias e vontades, desejos e ideais. Nem todos moravam em Porto Alegre, em que pese vários do grupo experimentassem alguma época a sina cigana das estradas (inclusive eu). Muitos vieram ao Porto aportar para estudos, alguns aqui ficando, outros indo ao interior natal ou buscando amores e raízes além do Mampituba. Há os que foram, lutaram e voltaram, como bons filhos que ao Porto retornam. Há os que aqui nasceram, aqui ficaram, talvez para esquentar o forno das pizzas ou gelar a ceva...
Muitos dos nossos buscaram o saber. O desejo de conhecer, de graduar e pós graduar era febril, era a chance de afirmação ou ascensão, de garantir um lugar num mercado competitivo e inamistoso. Me lembro de minha despedida, quando fui morar dois anos em Campinas, e como era bom cada retorno, sempre ao redor de uma churrasqueira, em meio a várias latinhas, um chimarrão e o vinho que nossos bolsos estudantes permitisse. Me lembro de encontrar amigos no "exílio", do "churrasco" de paulista na chácara da igreja de Campinas com um pastor também exilao do sul, do mate em São Paulo ou São Bernardo, da lentilha na casa pastoral de uma comunidade em SBC ou de uma prosaica pizza de aeroporto com meu pai, numa rápida passagem por Guarulhos... saudades gostosas...
Metodista é bicho que curte sala de aula. Também, a tal igreja surgiu em Oxford, inventou a Escola Dominical como algo audaz e inovador, alfabetizando pobres, semeou unidades de ensino mundo afora, com qualidade e compromisso... e se fez grande aqui no sul com suas belas escolas,hoje unificadas em um Centro Universitário, no qual leciono com orgulho. O binômio metodista-escola explica porque não é de graça que muitos entre nós dedicam-se hoje à docência, quer seja para o Ensino Fundamental ou Superior. Pese o fato de que muitas de nossas mães eram e são professoras, e o galho não caiu longe das árvores, repleto de frutos prenhes de sementes.
Certamente chama a atenção de nossos colegas de trabalho quando encontro com meus amigos e amigas que aqui também lecionam. As piadas, quase em um código tribal (não de graça que chamávamos nosso grupo de amigos de "tribo"), os trocadilhos beirando a infamidade, as risadas de fatos passados, realmente deixam quem está conosco desconsertado, pedindo explicações a cada gargalhada que brota. Os que se chegaram e as que se chegaram a nós passaram, certamente, por um impiedoso crivo de nossa impiedosa capacidade de humor, mas também conheceram pessoas com um coração por vezes maior que tudo, com uma grande capacidade de acolher e engatar uma amizade "para sempre". A cada vez que, milagrosamente, juntamos esse povo doido, sempre há momentos em que "entregamos" nossos/as amigos/as aos seus filhos/as, que perguntam espantados: "mãe, é verdade?????"..."aí, hein, paizão!!! Não falava nada!!!"...
Infelizmente, assim como o Menino Maluquinho do Ziraldo, temos um inimigo que não conseguimos frear: o tempo. Não aquele que branqueia meus bigodes de forma sutil, ou que faz alguns dos guris abrirem avenidas em seu couro cabeludo, ou deixa as meninas com o jeito de suas mães. Falo do bendito do tempo, que afasta aqueles que dividiam o cordão da calçada em frente à rua Santana, à rua Santa Cecília, a avenida Ceará ou outros de nossos "QGs". Felizmente, o acaso, a internet, o facebook, acabam jogando ao nosso favor. Um email, um telefonema dos que estão longe, sempre servirão para motivo de conversa...e resgate das velhas histórias.
À família que Deus me deu, com todos seus defeitos, ranços, faltas de tempo, mas com um amor gigantesco no coração e um abraço caloroso e sempre bem vindo, dedico este textículo (pequeno texto, né??). Valeu!!!
Caro Guto,
ResponderExcluirum amigo acaba nos construindo enquanto identidade. Ao contemplarmos, contemplamos a nós mesmos. Seus 'desgastes' são também os nossos. Bom a gente perceber que um deles está precisando de um abraço e de um beijo.
Um abraço,
Garin