domingo
Domingo preguiçoso...o corpo dolorido de voltar a praticar exercícios, após um "retiro sabático" forçado pela agenda. As janelas da semana servirão bem para queimar os excessos acumulados por refeições de mentira feitas a bordo do carro, ou por barras de chocolate, dopping anti-ansiedade que perde seu poder magnético a cada anilha que volto a colocar nos halteres, ou a cada passada forte na esteira.
O ser humano só sobreviveu às agruras das glaciações e eventos sazonais de migração de manadas e de secas ao aprender a saborear coisas energéticas. Os que não achavam palatável a medula dos ossos, o fígado de animais mortos ou o seu cérebro, dificilmente acumulavam reservas para dias de jejum forçado. Ter bons genes que permitiam acúmulo de gordura nos adipócitos, e passar esses genes adiante, fez a diferença.
Com o tempo, as correntes migratórias humanas foi fazendo hábitos pularem através do Atlântico. De alemães e italianos, acostumados a uma lide rural pesada, herdamos hábitos alimentares bem diversos daqueles que os portugueses constataram em nossos indígenas. Nossos índios usavam fartamente o pescado dos rios, as pequenas roças de mandioca, milho e abóbora, e os frutos da floresta, muitos dos quais até hoje fazem parte de nossas mesas, como a goiaba e a pitanga. Os do litoral ainda adicionavam os peixes do mar e mariscos, formando os enormes sambaquis com suas conchas. Uma dieta de quem vive em lugares de fartura perene, com poucos "sustos" climáticos, o que não era o caso dos europeus que chegaram aqui no século XIX.
Os europeus trouxeram seus hábitos de quem vivia com pouco num continente cada vez mais faminto e rasgado por guerras, que pouco permitiam que a terra fosse bem cuidada, e, mesmo assim, uma terra já com donos... Entre esses costumes, estava o de fazer seus embutidos, para permitir que cada porco abatido "rendesse" mais tempo na mesa, e fosse consumido com parcimônia e segurança. O hábito de fazer queijo permitia que igualmente o leite durasse mais tempo como nutriente, em épocas sem geladeira ou freezer. Os doces caseiros permitiam que as frutas, muitas conhecidas só com a chegada ao novo continente, durassem mais tempo, conservadas na forma de chimias. Aliás, o termo alemão schmier, que origina a palavra aportuguesada, quer dizer "lubrificante", como uma graxa. Era simplesmente algo para dar gosto ao pão por vezes guardado há tempo, já ressequido e armazenado para tempos sem safra e sem o que colher das hortas caseiras, e sem dinheiro para ir nas vendas.
Assim, se construiu um hábito alimentar de comer coisas mais calóricas, como herança atávica de tempos difíceis. Sabemos que vegetais frescos e carnes magras, comidas de nossos índios, são infinitamente mais saudáveis que as comidas de sobrevida que tivemos, herança dos nossos colonos. É sedutor colocar na boca uma fatia de uma boa copa para fazer companhia a um vinho bem seco. No entanto, não há porque não equilibrar os paladares e heranças culturais. Valorizar os frutos da terra que há pouco estavam na horta ou no pomar, e curtir o trabalho de mãos que elaboram coisas como num memorial de cultura de cozinha, são duas formas de alimentar corpo e alma, respeitando as mãos que colheram ou elaboraram tais comidas. Agradecer pelas bênçãos e alegrias da mesa, e orar para que possamos fazer a diferença, e a ninguém falte em sua mesa, nem tampouco que alimentos sejam desperdiçados ou usados como "moeda de pressão" por interesses outros e mesquinhos.
Bom domingo, pessoal!!
O ser humano só sobreviveu às agruras das glaciações e eventos sazonais de migração de manadas e de secas ao aprender a saborear coisas energéticas. Os que não achavam palatável a medula dos ossos, o fígado de animais mortos ou o seu cérebro, dificilmente acumulavam reservas para dias de jejum forçado. Ter bons genes que permitiam acúmulo de gordura nos adipócitos, e passar esses genes adiante, fez a diferença.
Com o tempo, as correntes migratórias humanas foi fazendo hábitos pularem através do Atlântico. De alemães e italianos, acostumados a uma lide rural pesada, herdamos hábitos alimentares bem diversos daqueles que os portugueses constataram em nossos indígenas. Nossos índios usavam fartamente o pescado dos rios, as pequenas roças de mandioca, milho e abóbora, e os frutos da floresta, muitos dos quais até hoje fazem parte de nossas mesas, como a goiaba e a pitanga. Os do litoral ainda adicionavam os peixes do mar e mariscos, formando os enormes sambaquis com suas conchas. Uma dieta de quem vive em lugares de fartura perene, com poucos "sustos" climáticos, o que não era o caso dos europeus que chegaram aqui no século XIX.
Os europeus trouxeram seus hábitos de quem vivia com pouco num continente cada vez mais faminto e rasgado por guerras, que pouco permitiam que a terra fosse bem cuidada, e, mesmo assim, uma terra já com donos... Entre esses costumes, estava o de fazer seus embutidos, para permitir que cada porco abatido "rendesse" mais tempo na mesa, e fosse consumido com parcimônia e segurança. O hábito de fazer queijo permitia que igualmente o leite durasse mais tempo como nutriente, em épocas sem geladeira ou freezer. Os doces caseiros permitiam que as frutas, muitas conhecidas só com a chegada ao novo continente, durassem mais tempo, conservadas na forma de chimias. Aliás, o termo alemão schmier, que origina a palavra aportuguesada, quer dizer "lubrificante", como uma graxa. Era simplesmente algo para dar gosto ao pão por vezes guardado há tempo, já ressequido e armazenado para tempos sem safra e sem o que colher das hortas caseiras, e sem dinheiro para ir nas vendas.
Assim, se construiu um hábito alimentar de comer coisas mais calóricas, como herança atávica de tempos difíceis. Sabemos que vegetais frescos e carnes magras, comidas de nossos índios, são infinitamente mais saudáveis que as comidas de sobrevida que tivemos, herança dos nossos colonos. É sedutor colocar na boca uma fatia de uma boa copa para fazer companhia a um vinho bem seco. No entanto, não há porque não equilibrar os paladares e heranças culturais. Valorizar os frutos da terra que há pouco estavam na horta ou no pomar, e curtir o trabalho de mãos que elaboram coisas como num memorial de cultura de cozinha, são duas formas de alimentar corpo e alma, respeitando as mãos que colheram ou elaboraram tais comidas. Agradecer pelas bênçãos e alegrias da mesa, e orar para que possamos fazer a diferença, e a ninguém falte em sua mesa, nem tampouco que alimentos sejam desperdiçados ou usados como "moeda de pressão" por interesses outros e mesquinhos.
Bom domingo, pessoal!!
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