26 de julho....
É impossível passar em branco o dia 26 de julho, sem lembrar daqueles dois... Dona Eunice, seu Otacílio, há coisas na vida que ficam impossíveis de serem vividas ou feitas sem evocar vocês.
Nunca ouvi um jogo de nosso Grêmio sem imaginar o raspar nervoso das unhas bem cuidadas de meu avô contra qualquer superfície...nunca tomo uma xícara de café sem lembrar o aroma do precioso líquido passado fresquinho pela minha avó (se rolar uma goiabada, melhor ainda!).
Caminhar pelo Centro Histórico é 100% Vô Otacílio, assim como fazer somas e subtrações de cabeça, mais rápido que uma calculadora, como só ele fazia. Receber as pessoas para o papo na aconchegante cozinha da vó Nice, por horas, sem ver o tempo passar, é totalmente ela.
O bacana era quando ela convidava para (mais um) cafezinho recém passado, com um bolo novinho feito por ela na assadeira de alumínio enegrecida pelo tempo, ou um queijo trazido pelo vô do Mercado Público, cortado caprichosamente em pedaços, saboreado com o doce de leite feito com a imersão da lata de leite condensado na panela de pressão, aproveitando o preparo do (ótimo) feijãozinho para preparar outra delícia de Nice.
Assistir futebol, fosse do nosso time ou da seleção, era sempre ver vô Otacílio esfregar o rosto nervosamente, conforme a defesa do Grêmio assim o deixasse... sua alegria era zoar os colorados da família com os resultados negativos dos vermelhinhos, no tempo em que Jardel não se metia nas colunas policiais e de política, servido com maestria por cruzamentos precisos de Arce e Paulo Nunes... Lembro que nós três "matamos", ao longo dos jogos da Copa de 1994, uma garrafa de Porto, puro ou na forte gemada recém feita, para anestesiar o nervoso daqueles tempos em que o nosso selecionado impunha respeito nos outros...
Por muito tempo, os dedos coçavam para ligar para eles, a cada situação que ocorria na minha vida. De certa forma, eles já sabiam antes que eu manifestasse o desejo de falar com eles, de sentir o perfume bom de meus avós, o carinho deles... Da forma certa, carrego-os no coração a cada dia, não somente no dia 26 de julho.
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