o Brizola tinha razão....

Lá pelo ano 2000, o aparelhamento evangélico no governo do Rio de Janeiro chamou a atenção de um velho líder político, nosso saudoso Leonel de Moura Brizola. Para ele, “o governo tem de ser mais discreto, está vivendo um protestantismo exagerado”. Brizola estava incomodado com a Cehab, comandada por um certo Eduardo Cunha, aquele mesmo... Pois a Cehab era a dona de um dos maiores orçamentos do governo fluminense. Brizola organizou um abaixo-assinado pedindo o afastamento de Eduardo Cunha “devido à má-gestão e também aos seus antecedentes”.
O descontentamento de Brizola recaía ainda para um certo subsecretário do Gabinete Civil, um tal de Everaldo Dias Ferreira. Nome familiar? Pois é, esse é aquele Pastor Everaldo, o mesmo que formou com Aécio Neves uma das "dobradinhas" mais duras de engolir das corridas eleitorais em todos os tempos. O pior é que o tal "pastor" Everaldo era ligado à vice-governadora Benedita da Silva, do PT, também evangélica.


Indignado, Brizola já falava: “qual a legitimidade de tantos pastores no governo? Quem são esses pastores da Benedita?”... “Vivem posição ambígua, se queixam de tudo, começam a fazer denúncias, mas não deixam os cargos que ocupam. Ora, se o caminhão tá ruim, é só pedir para desembarcar.”
Cabe destacar que o tal Cunha deixou o então cargo naquele ano, após denúncias de irregularidades em licitações. Os processos abertos no Tribunal de Contas do Estado foram arquivados em 2004 e reabertos em 2012.

Falem o que quiserem do homem, mas nosso Brizola enxergou a "ocupação evangélica", ávida por cargos, benesses e favores, e os monstros que se criavam. Por obra de algum demônio sacana, o tal Eduardo Cunha age como um dos principais líderes e porta-vozes do fundamentalismo religioso neopentecostal no Brasil. Deus poupou o tio Briza, levando-o em 2004.

Mas... e daí? Bem, só lembro uma coisinha: o saudoso Leonel Brizola tinha fortes raízes metodistas. Ele morou na sua juventude na residência do pastor metodista Isidoro Pereira e de sua esposa, dona Elvira que, sensibilizados com o esforço e a pobreza do menino, decidiram abrigá-lo. Lembre que Brizola perdeu o pai muito cedo, assassinado, degolado por razões políticas. O reverendo dera ao menino Leonel um quarto, roupas e o matriculou no colégio gerenciado da Igreja Metodista. Brizola, grato e tocado com o exemplo de vida do pastor, adotou a denominação metodista, e assim converteu a mãe e vários colegas. Dona Oniva, aliás, era membro da Sociedade de Senhoras da Igreja Metodista de Carazinho.

O fato de Brizola ter influências do falecido pastor metodista, e de tudo o que sempre representou a Igreja Metodista (não à toa a mesma igreja de Nelson Mandela), nos mostra o quanto o velho líder político conhecia o tema, e o quanto ele já via o mau uso da religiosidade, da fé, dentro da seara política. Em sua ampla visão de mundo, Brizola já antevia a emergência da "bancada da Bíblia", e toda sua picaretagem feita "em nome" de religiões de aluguel... As igrejas tradicionais, entre elas a metodista e outras denominações, como as luteranas, os episcopais, presbiterianos, são de matriz bem diferente das picaretagens histéricas neopentecostais, mais interessadas em dízimos e poderes terrenos do que na Palavra do carpinteiro de Nazaré...

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