Autoridades...

Lia hoje num guia devocional uma meditação feita por um teólogo muito experiente, muito competente...mas que me deixou pensando o que ele escreveu. lá pelas tantas, ele fala que "as autoridades foram instituídas por Deus, receberam um Ministério conferido pelo Senhor e necessitam de oração".

Pois bem. Essa frase utilizada pelo teólogo baseia-se no texto da Primeira Carta de Paulo de Tarso a Timóteo, onde há uma exortação de ações de graças em favor de reis e mandantes. O chato é que, muitas vezes, as igrejas se basearam nessa interpretação do texto bíblico para se colocar ao lado dos poderosos, numa postura digna de papagaio de pirata, a fim de receber as benesses dos poderosos, mesmo que ao custo de rifar vidas de membros de suas comunidades.

A interpretação do texto, de que as autoridades são "ungidas de Deus" lembra muito a postura dos egípcios em relação aos faraós, tidos como divindades na Terra. Ou o Rei-Sol francês. Ou a de qualquer déspota absolutista que tenha rastejado por este planeta nos últimos cinco milênios. Todo tirano se julga protegido das divindades, seja o Deus judaico-cristão, sejam os deuses do Pantheon grego, egípcio, nórdico ou seja lá de onde. É fácil justificar o injustificado através da divindade, do temor que a gente boa tem de ir contra as forças divinas.



No entanto, todos se esquecem que o próprio Cristo subverteu essa lógica, dando voz aos calados e vez aos desvalidos. E, no entanto, toda a sorte de tiranos coloca à sua destra (literalmente) as forças religiosas, muitas das quais contaminadas com o espírito aristocratizante e burocratizante dos déspotas.

Sabe, ler coisas como a que transcrevi acima era algo esperável na época de chumbo da História Brasileira, no governo dos verdugos Costa e Silva, Castello Branco, Médici, Geisel e Figueiredo. Quando essa matilha de pitbulls tratava o Brazil como quintal americano, como depósito de sucata nuclear alemã, como asilo de nazistas, como bordel dos poderosos. Nos últimos anos, o Brasil tem tido presidente/a eleito/a. Se ministério divino ou acordo das bases, igual é cargo de responsabilidade. Ou alguém acredita aí que Fernando Collor de Mello tenha recebido um ministério do Senhor para saquear as poupanças brasileiras, entre outras babaquaradas? No mais, creio que todos/as nós necessitam da oração uns dos outros, como elo solidário e afetivo que nos une.

Um abração!!


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