doulas....o que são?
Um respeitável
comentarista teceu algumas linhas sobre a proposta da vereadora
Jussara Cony, farmacêutica, sobre o projeto de lei, de sua autoria,
que possibilita a presença das doulas nos hospitais públicos e
privados de Porto Alegre. Pessoalmente, considero uma proposta muito
interessante e feliz a da vereadora, não importando aí cores
partidárias, e já veremos o motivo.
A própria
Organização Mundial da Saúde (OMS) e o ministérios da Saúde de
vários países, entre eles o Brasil (portaria 28 de maio de 2003),
reconhecem hoje a profissão de doula. Não é uma "invenção
marxista heterodoxa", conforme afirmou o respeitável jornalista
em sua manifestação. Pesquisas realizadas na última década
(algumas abaixo linkadas) demonstraram que, sob a supervisão de uma
doula, o parto tende a evoluir com maior tranquilidade e rapidez e
com menos dor e complicações tanto maternas como fetais.
Com a difusão da nova profissão, a tendência que se espera é que poderá também ocorrer uma substancial redução de custos para os sistemas de saúde, graças à redução do número de intervenções médicas e do tempo de internação de mães e bebês. Na América do Norte, que está longe de ser uma região ideologizada pelo pensamento de Marx e outros intelectuais de esquerda, estima-se que existam atualmente de 10 a 12 mil doulas. No Brasil, a demanda de mulheres e instituições que solicitam doulas, ainda que bem menor, também vem crescendo significativamente. Mais de cem doulas atuam no atendimento individual à mulher (particular, acompanhando partos em casa, casa de parto e maternidades) e outras tantas como voluntárias em hospitais do SUS.
Antigamente a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo. A própria "parteira de campanha" remete à necessidade dessa assistência pelas mulheres da família, ou alguma amiga mais experiente. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças.
Conforme o parto foi passando para a esfera médica, em uma concepção de saúde hospitalocêntrica, e nossas famílias ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada, cada qual com seu papel, dentro de sólidas bases técnico-científicas: o/a médico/a obstetra, o/a enfermeiro/a obstétrico/a, auxiliares de enfermagem, pediatras. Cada profissional com sua expertise de cuidado, com olhares técnicos diferenciados, todos indubitavelmente necessários.
Apesar de toda a
especialização, sem dúvida com avanços e ganhos, ficou uma
lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional
daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser
preenchida pela doula ou acompanhante do parto.
Pessoalmente, sou
favorável à profissionalização de doulas. Alguns estudos apontam
redução em partos cesáreos, uso de estimulação de parto por
ocitocina e outros ganhos. Vale a discussão, num nível sério, com
certeza. E vale olhar os dois lados, de coração desarmado.
Saiba mais, leia
bons artigos e crie sua opinião. Eis os links para alguns, em
português, espanhol ou inglês:
http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v25n1/1984-0470-sausoc-25-01-00108.pdf
http://www.scielosp.org/pdf/csc/v17n10/26.pdf
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n10/26.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/ean/v13n3/v13n3a18.pdf
http://www.scielo.cl/pdf/rchog/v73n4/art06.pdf
http://www.whijournal.com/article/S1049-3867%2805%2900004-6/abstract
http://europepmc.org/abstract/med/10631824
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1651-2227.1997.tb14800.x/abstract
http://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/385782
http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJM198009113031101
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S002978449800430X
http://online.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/jwh.1.1999.8.1257
http://link.springer.com/article/10.1007/s10995-007-0245-9
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0266613810000616
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