Toninho Horta é Deus!

Ontem tive uma experiência única. É, o tio que está nas fotos, comigo e com o colega e amigo Lucas, é simplesmente um dos maiores instrumentistas brasileiros, que já foi considerado algumas vezes um dos melhores guitarristas do mundo. Toninho Horta é figurinha carimbada do Clube de Esquina mineiro, parceiro de palco de gente como Milton Nascimento, Flávio Venturini, Pat Methèny e trocentas outras lendas da boa música brasileira e mundial. Autodidata, é uma referência em harmonia, em arranjo, em violão e guitarra, em composição. Bebeu diretamente do melhor do jazz mundial desde a infância, da música regional de Minas, da bossa nova, e ajudou a firmar o estilo típico dos grandes compositores e arranjadores de Minas Gerais.

Seu toque ao violão é sofisticado e ao mesmo tempo delicado. Utilizou um violão nylon, acústico, microfonado, sem malabarismos tecnológicos. Não ataca as cordas com unhas ou palhetas, usa a ponta dos dedos diretamente em contato com o nylon ou o aço, dando um toque personalizado ao som. Suas harmonizações são absolutamente perfeitas, criando cromatismos intrincados e belos, numa complexa rede de acordes. Explora as cordas com cinco dedos, e não somente com o clássico PIMA dos arranjos convencionais para violão. Suas harmonizações exploram recursos tradicionais do violão, valorizando acordes de cordas soltas, criando atmosferas e climas muito interessantes e ricos. Como se não bastasse, ainda se dá ao luxo de explorar novas possibilidades ao instrumento, refinando-o/reafinando-o e recriando-o conforme sente novas possibilidades e sonoridades.

O repertório da masterclass visitou clássicos alheios (Travessia e Amor em Paz) e seus, entre outros, as pérolas Céu de Brasília (na canja da voz de Antônio Villeroy), Diana, Aqui Ó, Durango Kid, e, claro, o hino Manuel, o Audaz. Como comentei com o colega Lucas Mata da Silva, que estava comigo nessa masterclass, se Deus toca violão deve ser desse jeito... Toninho é absoluto!

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