Racismo pouco é besteira!

Curto ver o ator Luís Miranda. Figurinha carimbada de programas humorísticos, séries e filmes, ele passa uma coisa engraçada, leve, divertido pra caramba, embalado em um sotaque baiano. Pois o cara, que a gente está acostumado a ver a gente soltar risadas, ficou beeem irritado. Motivo: foi confundido com um garçom em um restaurante japonês na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. 

Tudo se deu quando, no local, uma cliente perguntou ao ator, negro, magrinho, longilíneo e jovem, se havia mesa disponível para duas pessoas. Emputecido, Luís respondeu: “Sou negro, mas nem por isso sou garçom aqui. Só porque sou negro tenho que ser o garçom, né? Não trabalho aqui não”.

Detalhe: a carinha dele é bem conhecida na televisão, cinema, etc. Não é um zé anônimo qualquer. É um ator tri conhecido, figurinha carimbada mesmo. Daqueles que tu passas no shopping e fica pensando "legal, é o carinha aquele, o Luis Miranda, humorista, atua com o Lázaro Ramos, fez aquele filmaço 'Muita calma nessa hora', cara bacana" e tenta fugir da timidez pra dar aquela tietada, quem sabe ver se rola um self pro Facebook. Olha, eu faria isso, com certeza. Fiz isso com alguns ídolos meus, da arte e ciência. Quem não curte?

Voltando, como ele disse, “fui ao banheiro e uma mulher me confundiu com o garçom. Eu fiquei p* porque ela nem pediu desculpas”, disse. “Ela foi racista comigo. Não é porque ela me confundiu com o garçom, mas porque ela não me pediu desculpas. Eu não estava do lado dela. Eu estava subindo para ir ao banheiro. Você olha para as pessoas ao lado, entendeu? Você entra num restaurante e chama qualquer pessoa de garçom por causa da cor?”, questiona o ator. 

Mas Luisão não deixou por menos. Antes de ir embora, mandou “um bilhete um pouco desaforado”.No papel do guardanapo, o texto: “Não sou garçom, assim como você não é. Sou cliente assim como você, mas existem coisas que me diferem, como por exemplo o seu preconceito! Não poderia ir embora sem te mandar tomar no c*”. 

Já passei por coisa parecida. Uma vez, quando morava sozinho, nos idos de 2000 (faz tempo...), estava envernizando a porta do apartamento que havia alugado. Estava usando roupas simples, e, por ser verão, meu bronzeado estava bem "em dia", me dando uma cor legal, bem moreno, modéstia à parte uma cor escura bem bonita. Um morador do prédio, senhor branco, aparentando uns sessenta e vários anos, veio me descompor, me chamando a atenção para falhas da pintura da parede, e, educadamente, eu falei que não era o responsável por tais serviços, e que estava somente ajeitando meu apartamento, sugerindo que informasse à Imobiliária responsável. O sujeito, claramente racista, não sabia onde se esconder...

Luis Miranda, assim como seu quase homônimo poeta Luis de Miranda, me representa/m. E, vamos combinar, mandar a criatura tomar no c* ficou barato, pois a situação poderia ser caracterizada como crime racial. Racismo não pertence a seres humanos inteligentes!

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