vamos falar de cerveja!

Pessoalmente, como sobrinho da dona Hilda Beatriz, prefiro beber do que teorizar sobre o tema. Como estou em horário que me impede de degustar, vamos falar/escrever! Ao ler que uma prestigiosa universidade de Porto Alegre está com um curso sobre a fabricação da deliciosa bebida, me inspirei pra falar do tema....

Cerveja é fruto de um acaso feliz, ou de uma mancada que deu certo. Na Mesopotâmia, ou pra ser exato, onde ficava a Suméria, ali onde ficava o Iraque antes de ser destruído pelo George WC Bush, era comum o cultivo de grãos. O pão era, e até hoje é, base na dieta. Aí vem a nossa Bioquímica. Pro pessoal que prestava atenção nas nossas aulas de Bioquímica, é fácil lembrar que o açúcar vira energia de dois jeitos: com ou sem oxigênio na conversa. Se não tem oxigênio, temos o que se chama de fermentação. Essa fermentação pode ocorrer de duas formas principais: ou gerando o ácido láctico, como no nosso corpo, ou gerando etanol e gás carbônico. Aí chega a nossa ceva!

Imagine há milhares de anos, por volta de 4000 a.C, um feliz grupo de agricultores armazena sua farta colheita dos grãos em urnas de barro. Lá pelas tantas, a chuva umedece os grãos. Dali sai um caldinho com cheiro peculiar, derivado da fermentação alcoólica. E alguém teve coragem de provar o caldo, sem torcer o nariz. E não é que era bom? Deixava o riso fácil, as pernas moles e a língua solta, não necessariamente nessa ordem...Os romanos batizaram, mais tarde, de Cerevisia, provavelmente em homenagem à deusa Ceres, a Démeter grega, a deusa dos Cereais.

O que era um acidente logo virou um processo de produção bem estabelecido. É interessante destacar que a cerveja sempre foi a bebida típica dos pobres, enquanto os ricos preferiam o vinho. Com a queda do Império Romano, no século V, os monges (que foram os únicos que preservaram a cultura escrita) preservaram a metodologia para fabricação de cerveja. Abençoados homens de Deus!!!

A cerveja disseminou-se principalmente no norte da Europa, região cujo clima úmido não era dos mais interessantes para o cultivo das vinhas. Logo, mais ceva!!! Uma alteração no processo veio no século XII, com Gambrinus (não é o boteco do Mercado), rei dos Países Baixos, que adicionou um primo da urtiga, o lúpulo, na formulação da cerveja. Bom, apesar de Gambrinus, os tchecos reivindicam para si a introdução do lúpulo na cerveja. Desde que fique boa, qual é a diferença???

Voltando pro laboratório... no século XIX, a fabricação de cerveja teve como aliada a efervescente produção científica. Louis Pasteur, Von Linde e Hansen contribuíram, cada um ao seu jeito, para a evolução da ceva. Pasteur conseguiu identificar, ao microscópio, as leveduras responsáveis pela fermentação da cerveja; também identificou os fungos e bactérias responsáveis pela sua deterioração. A pasteurização permitiu conservar por mais tempo os alimentos, inclusive a ceva! Linde, por sua vez, desenvolveu técnicas de refrigeração, possibilitando a fabricação de cerveja de baixa fermentação o ano inteiro. Hansen, comparando diferentes cervejas, distinguiu os diferentes tipos de leveduras, cada um responsável por um tipo diferente de cerveja. Cerveja também é cultura, galera!!!

Hoje em dia, temos muita gente fazendo sua boa ceva em casa, ou em microcervejarias. Sempre há uma novidade boa nas prateleiras, pedindo a companhia de uma boa comida ou um petisco de boteco bem ajeitado. De qualquer maneira, deu vontade de abrir uma garrafinha beem gelada quando chegar em casa!! Saúde!!!!

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