sob os ecos de Francisco (com a ajuda de um velho amigo)
Meu velho amigo (e ex-reitor) Jaider Batista, por meio de uma rede que participamos, trocava um dedo de prosa virtual no final de semana. Comungamos da ideia de que o papa Francisco tem sido uma das boas surpresas deste nosso tempo. Esse argentino, nas palavras do mineirim de Governador Valadares, "é porreta e não é provinciano".
Um dado que Jaider trouxe à tona é que ainda hoje há mais de 400 acadêmicos católicos em todo o mundo, que são proibidos de dar aulas nas universidades e seminários da Igreja e proibidos de produzir conhecimento e publicar. Muitos/as são bastante idosos, o que constitui uma perda irreparável o não acesso dessas mentes brilhantes ao meio acadêmico. Nas palavras de nosso velho amigo, "a retirada do interdito a todos (as) eles (as) seria o gesto mais concreto de sintonia com a ciência e a modernidade. E cumprimento estrito do evangelho do perdão."
Com certeza, Jaider. Concordo contigo, parceiro! Essa massa de intelectuais faz falta no meio acadêmico. Será, com certeza, um gesto de reconciliação do Vaticano com a academia, e uma amostra de que o convívio de homens e mulheres de ciência com a fé é necessária, mais que possível.
Quem dera a minha Igreja Metodista vivesse um Momento semelhante. Sou metodista de tempos históricos. Me criei dentro da igreja, tendo convivido com grandes pessoas, grandes cabeças e corações. Minhas primeiras letras certamente tiveram o toque da biblioteca da Igreja metodista Central, hoje Catedral de Porto Alegre, pela mão da saudosa tia Clelinha, como conhecíamos a professora Clélia Braga, bibliotecária da IMCentral. Mais tarde, outras vozes ajudaram a formação deste que vos bloga. A pastora Elza Zenkner, entre outras pessoas fantásticas, teve uma grande influência sobre minha formação pessoal, intelectual e ideologicamente falando, me fazendo ler a Bíblia de uma forma especial e questionadora. O saudoso esposo de Elza, o Egon Zenkner, e a professora Rose Schneider (mãe do ex-deputado Marcos Rolim) foram alguns de meus professores de escola dominical. Na IM, me entusiasmei com a música, sendo guindado para aprender violão e, em paralelo, teoria musical, rudimentos de harmonia e acabou dando no que deu hoje em dia, comigo de volta ao banco escolar da Música, adicionando a flauta ao instrumental pessoal. Aliás, como ponte ligando esses dois momentos está o homem que batizou minhas filhas e nos despediu de meu avô materno, o professor/reverendo/ex-reitor Norberto Garin (mas esse é papo pra outro dia).
Neste sábado, dia primeiro, eu estava participando com Karina de um curso no CDL/IPA (aliás, ela que ministrava uma das oficinas do curso). Em paralelo, o auditório do Americano e o próprio CDL hospedavam um evento de juvenis. Me chamou a atenção os olhares daqueles/as adolescentes para os participantes das oficinas que aconteciam ali no CDL, promovidas pelo Pós-Graduação do IPA. Era como se, de fato, a instituição de ensino fosse um alien, um parasita, em relação à igreja metodista, e que aquela garotada, muito mal conduzida e orientada, fossem os representantes de uma "raça pura". Totalmente diferente do que ocorria quando, no final dos anos 70, a jovem pastora Iraci Izolda Strejevitch, apoiada pelo saudoso Ernesto Barros Cardoso, comandavam encontros de juvenis, ali na nossa capela do Americano.
Eu lembro bem. A pequena e bela capelinha ficava lotada de uma gurizada que se sentia parte de uma igreja comprometida com a vida. Deu saudades dessa época, não por mim, mas, por ter uma das filhas na faixa dos onze anos (é, a Sophia já bate em meu nariz...), e lamentar que ela não tenha esse mesmo convívio saudável. Lembro nessa época de uma devocional do reverendo Orvandil Barbosa, onde ele, utilizando um prato de comida intocado do jantar, nos chamava ao compromisso com os que nada têm. Se ela fosse ao evento do final de semana, certamente teria como foco os "shows" dos "ungidos". Infelizmente, a fé é show hoje. A fé não é mais o questionar, o modificar o mundo, o engajar-se ao lado das causas da Vida. Pena, meninas...
A igreja de Francisco evolui. E a de John Wesley? Aderiu à caitituagem da fé de mercado e consumo? Pena... tenho saudades dela!
Um dado que Jaider trouxe à tona é que ainda hoje há mais de 400 acadêmicos católicos em todo o mundo, que são proibidos de dar aulas nas universidades e seminários da Igreja e proibidos de produzir conhecimento e publicar. Muitos/as são bastante idosos, o que constitui uma perda irreparável o não acesso dessas mentes brilhantes ao meio acadêmico. Nas palavras de nosso velho amigo, "a retirada do interdito a todos (as) eles (as) seria o gesto mais concreto de sintonia com a ciência e a modernidade. E cumprimento estrito do evangelho do perdão."
Com certeza, Jaider. Concordo contigo, parceiro! Essa massa de intelectuais faz falta no meio acadêmico. Será, com certeza, um gesto de reconciliação do Vaticano com a academia, e uma amostra de que o convívio de homens e mulheres de ciência com a fé é necessária, mais que possível.
Quem dera a minha Igreja Metodista vivesse um Momento semelhante. Sou metodista de tempos históricos. Me criei dentro da igreja, tendo convivido com grandes pessoas, grandes cabeças e corações. Minhas primeiras letras certamente tiveram o toque da biblioteca da Igreja metodista Central, hoje Catedral de Porto Alegre, pela mão da saudosa tia Clelinha, como conhecíamos a professora Clélia Braga, bibliotecária da IMCentral. Mais tarde, outras vozes ajudaram a formação deste que vos bloga. A pastora Elza Zenkner, entre outras pessoas fantásticas, teve uma grande influência sobre minha formação pessoal, intelectual e ideologicamente falando, me fazendo ler a Bíblia de uma forma especial e questionadora. O saudoso esposo de Elza, o Egon Zenkner, e a professora Rose Schneider (mãe do ex-deputado Marcos Rolim) foram alguns de meus professores de escola dominical. Na IM, me entusiasmei com a música, sendo guindado para aprender violão e, em paralelo, teoria musical, rudimentos de harmonia e acabou dando no que deu hoje em dia, comigo de volta ao banco escolar da Música, adicionando a flauta ao instrumental pessoal. Aliás, como ponte ligando esses dois momentos está o homem que batizou minhas filhas e nos despediu de meu avô materno, o professor/reverendo/ex-reitor Norberto Garin (mas esse é papo pra outro dia).
Neste sábado, dia primeiro, eu estava participando com Karina de um curso no CDL/IPA (aliás, ela que ministrava uma das oficinas do curso). Em paralelo, o auditório do Americano e o próprio CDL hospedavam um evento de juvenis. Me chamou a atenção os olhares daqueles/as adolescentes para os participantes das oficinas que aconteciam ali no CDL, promovidas pelo Pós-Graduação do IPA. Era como se, de fato, a instituição de ensino fosse um alien, um parasita, em relação à igreja metodista, e que aquela garotada, muito mal conduzida e orientada, fossem os representantes de uma "raça pura". Totalmente diferente do que ocorria quando, no final dos anos 70, a jovem pastora Iraci Izolda Strejevitch, apoiada pelo saudoso Ernesto Barros Cardoso, comandavam encontros de juvenis, ali na nossa capela do Americano.
Eu lembro bem. A pequena e bela capelinha ficava lotada de uma gurizada que se sentia parte de uma igreja comprometida com a vida. Deu saudades dessa época, não por mim, mas, por ter uma das filhas na faixa dos onze anos (é, a Sophia já bate em meu nariz...), e lamentar que ela não tenha esse mesmo convívio saudável. Lembro nessa época de uma devocional do reverendo Orvandil Barbosa, onde ele, utilizando um prato de comida intocado do jantar, nos chamava ao compromisso com os que nada têm. Se ela fosse ao evento do final de semana, certamente teria como foco os "shows" dos "ungidos". Infelizmente, a fé é show hoje. A fé não é mais o questionar, o modificar o mundo, o engajar-se ao lado das causas da Vida. Pena, meninas...
A igreja de Francisco evolui. E a de John Wesley? Aderiu à caitituagem da fé de mercado e consumo? Pena... tenho saudades dela!
Muito querido Guto,
ResponderExcluirjá há muito te admirava. Recordo especialmente de uma passagem pelas aulas quando a Karina tinha seminário sabático com o Zé Clovis e comigo. Depois veio a aproximação pelo privilégio de ser orientador da Karina, encantando-me com a Maria Clara. Essa admiração se adensa desde que leio teu blogue.
É muito bom ler este texto de um metodista tendo mais entusiasmo com Francisco que eu, um ex-católico,