Luto por Gabriela Franciscatto

Pessoal,

Dia 10, uma menina de 22 anos ligou para uma colega de faculdade. Os sintomas de dor de cabeça e falta de sensibilidade em todo um lado do corpo davam sinais de algo muito grave a caminho. A amiga ligou para a SAMU, posto que se tratava de uma emergência. As respostas foram simplesmente ridículas e revoltantes. "Ah, não podemos ir, o chamado deve ser da paciente. Você está do lado dela? Não? Ah, assim não podemos mandar o médico, bom dia....ah, ela é jovem, não deve ser nada...".

O "nada" resultou no óbito da menina Gabriela Franciscatto, 22 anos, de Frederico Westphalen. O descaso da atendente da SAMU me revolta. Essa pessoa condenou à morte uma estudante, que morava sozinha em Porto Alegre, que procurou na Enfermagem uma forma de poder ajudar o próximo. Me espanta a frieza da declaração do irresponsável técnico pela SAMU. Por mais que trotes sejam feitos, que ligações que denotem um certo exagero caiam aos seus ouvidos, é dever que todos os casos sejam apurados. De que jeito uma pessoa com um AVC em andamento iria conseguir se expressar ao telefone???? Eu tive paralisia facial, é horrível falar com metade do rosto paralisado...imagina um AVC hemorrágico em andamento, comprometendo funções sensoriais e motoras!

Dei aula para Gabi em 2009/2. Portanto, uma aluna no 5o período, encaminhando sua formação. Guardo muito carinho de sua turma, muito querida. Lembro que a Gabi sentava no canto da sala, perto da janela, nas disciplinas de Histologia & Embriologia e Biologia Geral. Hoje, fica o luto da perda, a indignação por um mau atendimento, uma franca demonstração de descaso com a dor alheia, que permitiu que evoluísse a óbito o que poderia, quem sabe, ter um prognóstico pelo menos satisfatório.

Fica com Deus, Gabi. Teus órgãos doados multiplicarão vida às pessoas que os receberem. Que Deus conforte tua família, teus colegas, e a meus colegas docentes... Nas palavras de Nei Lisboa, "como explicar a um leigo um meigo assassinato?".

Fiquem em paz.