um motivo para ser feliz...
Leio agora a resenha do Terra sobre o inédito CD do Chico Buarque. A curiosidade em ouvir é grande, com certeza. Chico Buarque já foi chamado de "unanimidade nacional" pelo grande Millôr Fernandes. Nos idos dos anos 60, ele, que era apenas um dos filhos do grande historiador Sérgio Buarque de Hollanda, ganhou a cena com canções simples, "cantando coisas de amor". No (para mim) significativo ano de 1966, quando a Seleção Canarinho tomava um totó de bola dos lusos na Inglaterra, um Chico bom moço de olhos verdes defendia e ganhava, com A Banda, o Festival da Música Popular Brasileira. Harmonia simples em época de dissonâncias violonísticas de fazer minha prima, ex-aluna e sempre amiga Thais Pessato pensar "lá vem mais paciente", letra drummonicamente descritiva, o rapaz tinha o jeito de genro que mamãe pediu a Deus. Só tem um detalhezinho: o rapaz vinha equipado com cérebro e uma sensibilidade únicos. Aí a porca torceu o rabo...
Letras como a de Pedro Pedreiro, de 1965, já diziam a que o filho da dona Maria Buarque vinha. Uma estética bem construída, jogando com as palavras com a mesma alegria com que joga suas peladas (daria um ótimo centro-médio, não fosse o bardo que é...), o que se consagra em três músicas fundamentais: Roda Viva, Construção e Deus lhe Pague. Os jogos de palavra, as palavras como "tijolos mágicos", as idéias em construção, mostrando a rotina operária, a revolta mastigada, a imobilidade, o "estancar de repente" diante do dragão da Ditadura, "que cresceu" devorando vidas... E o exílio, necessário à sua integridade, na Itália, onde morou com a família nos anos 50.
Os anos 70 viram um Chico extremamente criativo, espraiando talento pelo cinema em trilhas extremamente interessantes. A dobradinha com seu parceiro de torcida do Fluminense, o grande Hugo Carvana (meninos e meninas, aquele tiozinho gordinho de bigodes que aparece em algumas novelas é um grande cineasta brasileiro!!) rendeu pérolas de trilhas. Fantasia, Tanto Mar, Cálice (agora liberada...), Apesar de Você, Meu Caro Amigo, Você Vai me Seguir...é difícil destacar UMA obra sua. Em todo caso, uma se sobressai. É a sua adaptação do texto de Brecht e Weill, a Ópera do Malandro, além de render uma peça inesquecível e um belo filme nos anos 80, trouxe à luz um dos melhores álbuns de trilha sonora produzidos no Brasil (senão o melhor, ouso dizer).
Anos 80 trouxeram o Chico de volta pra telinha, passada a briga com a Vênus Platinada, ops, Globo. Um programa interessante com Caetano Veloso, alguns clipes interessantes, alguns discos muito bons, sem o peso das obras-primas dos anos 60 e 70, mas com belas canções, como as dos álbuns Vida e Almanaque. Aliás, é deste último uma canção chamada Moto Contínuo, que sinaliza uma de suas mais prolíficas parcerias, com o genial Edu Lobo, com quem criou, entre outras trilhas, a do Grande Circo Místico, baseado em poema de Jorge de Lima.
É dos anos 90 o álbum Paratodos, com a canção homônima em que faz uma solene homenagem à canção brasileira, nominando vários dos grandes nomes, destacando o maestro soberano Tom Jobim, e ainda se apresentando, desfiando sua genealogia de pai paulista, avô pernambucano, bisavô mineiro e tataravô baiano. Da década é o singelo mas fundamental Terra, onde, em quatro faixas, duas inéditas, se destaca a versão (para mim, definitiva) de Fantasia e a lindíssima Assentamento (onde só vento se semeava outrora....). Quando ouvi pela primeira vez essa música, as lágrimas brotaram fartas, lembrando do contato que eu e João Paulo Aço tivemos com o assentamento Itapuí, o que é história pra outra blogada.
Fico feliz em ver um novo trabalho de inéditos de Chico. Já havia curtido sua Renata Maria, parceria com Ivan Lins. Quero degustar esse novo trabalho, com calma e um copo de cerveja gelada (ou um café bem forte o que pintar). Agendado para o final de semana!!
Letras como a de Pedro Pedreiro, de 1965, já diziam a que o filho da dona Maria Buarque vinha. Uma estética bem construída, jogando com as palavras com a mesma alegria com que joga suas peladas (daria um ótimo centro-médio, não fosse o bardo que é...), o que se consagra em três músicas fundamentais: Roda Viva, Construção e Deus lhe Pague. Os jogos de palavra, as palavras como "tijolos mágicos", as idéias em construção, mostrando a rotina operária, a revolta mastigada, a imobilidade, o "estancar de repente" diante do dragão da Ditadura, "que cresceu" devorando vidas... E o exílio, necessário à sua integridade, na Itália, onde morou com a família nos anos 50.
Os anos 70 viram um Chico extremamente criativo, espraiando talento pelo cinema em trilhas extremamente interessantes. A dobradinha com seu parceiro de torcida do Fluminense, o grande Hugo Carvana (meninos e meninas, aquele tiozinho gordinho de bigodes que aparece em algumas novelas é um grande cineasta brasileiro!!) rendeu pérolas de trilhas. Fantasia, Tanto Mar, Cálice (agora liberada...), Apesar de Você, Meu Caro Amigo, Você Vai me Seguir...é difícil destacar UMA obra sua. Em todo caso, uma se sobressai. É a sua adaptação do texto de Brecht e Weill, a Ópera do Malandro, além de render uma peça inesquecível e um belo filme nos anos 80, trouxe à luz um dos melhores álbuns de trilha sonora produzidos no Brasil (senão o melhor, ouso dizer).
Anos 80 trouxeram o Chico de volta pra telinha, passada a briga com a Vênus Platinada, ops, Globo. Um programa interessante com Caetano Veloso, alguns clipes interessantes, alguns discos muito bons, sem o peso das obras-primas dos anos 60 e 70, mas com belas canções, como as dos álbuns Vida e Almanaque. Aliás, é deste último uma canção chamada Moto Contínuo, que sinaliza uma de suas mais prolíficas parcerias, com o genial Edu Lobo, com quem criou, entre outras trilhas, a do Grande Circo Místico, baseado em poema de Jorge de Lima.
É dos anos 90 o álbum Paratodos, com a canção homônima em que faz uma solene homenagem à canção brasileira, nominando vários dos grandes nomes, destacando o maestro soberano Tom Jobim, e ainda se apresentando, desfiando sua genealogia de pai paulista, avô pernambucano, bisavô mineiro e tataravô baiano. Da década é o singelo mas fundamental Terra, onde, em quatro faixas, duas inéditas, se destaca a versão (para mim, definitiva) de Fantasia e a lindíssima Assentamento (onde só vento se semeava outrora....). Quando ouvi pela primeira vez essa música, as lágrimas brotaram fartas, lembrando do contato que eu e João Paulo Aço tivemos com o assentamento Itapuí, o que é história pra outra blogada.
Fico feliz em ver um novo trabalho de inéditos de Chico. Já havia curtido sua Renata Maria, parceria com Ivan Lins. Quero degustar esse novo trabalho, com calma e um copo de cerveja gelada (ou um café bem forte o que pintar). Agendado para o final de semana!!
Caro Guto,
ResponderExcluiro Chico embalou boa parte da minha juventude "revolucionária" da década de 70. Muito usei suas músicas em aulas e assembléias religiosas no I. União.
Um abraço,
Garin
http://norberto-garin.blogspot.com