mata-ratos para os pobres!

Pois representantes da indústria tabagista procuraram o ilustre Ministro da Justiça, Sérgio Moro, para uma ação junto ao ministro da Fazenda para baixar a alíquota de IPI do que seria uma nova classe de cigarros de “baixo custo”. O tal cigarro popularmente chamado de "mata-ratos" seria uma resposta para concorrer com os cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil. Os mesmos sustentavam que os cigarros do Paraguai causavam não só prejuízo à indústria brasileira pela concorrência desleal, como também causavam um rombo na arrecadação. A alternativa indecente seria para que a indústria nacional entre no segmento de atender tabagistas de baixa renda. Claro, com apoio do Estado, para oferecer um produto muito mais nocivo aos mais pobres.

Primeiramente, vamos ao problema do contrabando. A solução para a "concorrência desleal do país vizinho" seria uma ação mais contundente contra o contrabando. Fazer valer a polícia na fronteira, e coibir que o lixo tóxico de inalar venha a ser vendido aqui. Jamais estimular a indústria tabagista brasileira, quando o esforço em política pública era, em outros tempos, de eliminar, ou, pelo menos, reduzir drasticamente o tabagismo.

É óbvio, até as crianças sabem, que o fumo não só causa doenças letais muito sofridas naqueles que não conseguem largar o hábito, como também impõe um custo elevado ao sistema de saúde pública e um baita impacto ambiental devido aos agrotóxicos usados de bolão.

Enfim, a coisa é imoral em todos os aspectos. Primeiro, cigarro faz mal. Não importa que seja de melhor ou pior qualidade, é cancerígeno e causa DPOC, entre outras mazelas. As lavouras de tabaco usam uma quantidade monstro de defensivos, leia-se, agrotóxicos. E depois, a cara de pau da indústria e seu fantoche, querendo que as pessoas pobres se envenenem com um custo menor. Ainda vai elaborar um "grupo de estudo" para tanto...poxa, troquem pés de tabaco por comida de verdade, limpa! Ainda por cima aquela coisa de tratar o brasileiro como lixo, como se o pobre merecesse ser bombardeado com o pior produto possível! Nas palavras do ex-ministro Eugênio Aragão, "querer baixar IPI para uma classe de cigarros de “baixo custo” e, claro, de baixíssima qualidade, é fazer o governo subvencionar mata-ratos para pobres." Sem palavras. Qualquer governo que considere formar um grupo de trabalho para discutir essa possibilidade pornográfica de reduzir o IPI para cigarro, de qualidade ou vagabundo, não pode ser levado a sério... Arrecada de um lado, gasta horrores em saúde. Desinteligente...

Pessoalmente, não vejo a hora em que as lavouras de tabaco sejam substituídas por comida de verdade, vegetais saudáveis, que não demandem tanto agrotóxico nem tirem o espaço de coisas como milho, trigo, frutíferas, arroz, de preferência sob a ótica da agricultura orgânica, até para compensar tanto veneno colocado na terra...

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