Paul Singer, operário em construção....
E Deus chamou Paul Singer pra ajeitar as coisas lá do lado de lá... E você vai perguntar, quem é o sr. Singer na fila do pão? Vamos contar a história dele...
Grande economista, grande homem da academia, foi peça chave no governo Lula, enquanto mentor da ideia de redistribuição de renda, daí os programas de Bolsa Família e assemelhados, uma das grandes sacadas dos governos do PT, que, infelizmente, estão na lista de espécies em extinção...
O professor nasceu numa família de pequenos comerciantes judeus, estabelecidos em Erlaa, subúrbio operário de Viena. Em 1938, quando a Áustria foi anexada à Alemanha, começou a nefanda perseguição aos judeus. A família, obviamente, decidiu emigrar antes que a coisa tomasse o rumo crítico que teve, e, em 1940, radicou-se no Brasil. Aqui, já tinha alguns parentes, estabelecidos em São Paulo.
Em 1951, Singer formou-se em eletrotécnica no ensino médio da Escola Técnica Getúlio Vargas de São Paulo, exercendo a profissão como operário da área entre 1952 e 1956. Nesse período, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, militando no movimento sindical. Como trabalhador metalúrgico, liderou a histórica greve dos 300 mil, que paralisou a indústria paulistana por mais de um mês, em 1953. No ano seguinte, obteve a cidadania brasileira.
Buscando sempre o conhecimento, estudou Economia na Universidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que desenvolvia atividade político-partidária, no antigo PSB (não confunda com esse que está aí atualmente...). Graduado em 1959, no mesmo ano participou da fundação da Polop, organização política constituída por membros da ala esquerda do PSB.
Em 1960, inicia sua atividade como professor assistente da USP, mais tarde vindo a ser titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da mesma universidade. Em 1966, conclui o doutorado em Sociologia com um estudo sobre desenvolvimento econômico e seus desdobramentos territoriais, abordando cinco cidades brasileiras – São Paulo, Belo Horizonte, Blumenau, Porto Alegre e Recife – na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. A tese deu origem ao livro Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana, sob orientação do professor Florestan Fernandes. Bem de parceiro pra caramba o professor!
Entre 1966 e 1967, estudou Demografia em Princeton, nos Estados Unidos. Em 1968, apresentou sua tese de livre-docência, Dinâmica populacional e Desenvolvimento. Bom, todos lembram do que acontecia no Brasil nessa época....Retomou suas atividades como professor da USP, mas teve seus direitos políticos cassados pelo AI-5 e ser aposentado compulsoriamente, em razão de suas atividades políticas, em 1969. Anos difíceis...
Nessa época, com alguns outros professores expulsos da universidade ou simplesmente discordantes do regime, como um certo Fernando Henrique Cardoso (seu amigo, apesar das divergências teóricas notórias) e Octavio Ianni, participa da fundação do CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, que se constituiu em importante núcleo da intelligentsia brasileira de oposição à ditadura militar, então vigente no país. Atuou no Cebrap até 1988, quando foi Secretário Municipal de Planejamento de São Paulo.
A partir de 1979, volta à atividade docente, dessa vez como professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ali, permaneceu por quatro anos, foi chefe do Departamento de Economia e membro do Conselho Universitário.
Em 1980, ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, ao lado de outros intelectuais historicamente ligados à esquerda: Francisco Weffort, Plínio de Arruda Sampaio, Perseu Abramo, Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Holanda, Chico de Oliveira e Vinícius Caldeira Brant. Turminha de peso essa! No ano seguinte, em 1981, integrou a 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, fundação de apoio partidária instituída pela PT, antecessora da Fundação Perseu Abramo, ora vigente.
Em 1989, foi convidado pela então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, na época filiada ao PT, a assumir a Secretaria de Planejamento do município. Ele ocupou o posto durante todo o seu mandato, que terminou em 1992. Trabalhando com o tema da economia solidária, o professor Paul Singer ajudou a criar a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP em 1998, quando foi convidado pela CECAE a assumir o cargo de coordenador acadêmico da incubadora. A partir de junho de 2003, Singer passa a ser o titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), que implementou, a partir de junho de 2003, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego.
No dia 13 de março de 2009, Singer foi condecorado com a Grande Ordem do Mérito austríaco, em cerimônia realizada na residência do Cônsul Geral da Áustria, em São Paulo. Viúvo da socióloga Melanie Berezovsky Singer (1932-2012), era pai do cientista político André Singer, da jornalista Suzana Singer e da socióloga Helena Singer. Seus últimos estudos foram a respeito de Economia Solidária e projetos voltados ao desenvolvimento local. Em 2011, trabalhando com o governo federal, como Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Paul Singer apresentou suas ideias a respeito dos bancos comunitários. Singer acreditava que esses bancos são instrumentos para a erradicação da miséria. Paul era referência no que chamam de esquerda não-marxista, algo diferente do que tem no resto do mundo.
O mentor de toda a política econômica inclusiva dos governos do PT, realmente é uma grande perda o prof Singer...deixa saudades o seu trabalho focado na verdadeira erradicação da miséria e na promoção da justiça social.
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