orgulho feminista e evangélico

Ser evangélico é ser taxado de reacionário muitas vezes. É ser comparado a certas pragas do cenário político brasileiro. É tomar rótulo na testa a torto e direito. Mas tem momentos em que o cara se orgulha da condição de ser evangélico, ou mais corretamente, protestante histórico, como metodista que sou.

Explico: matéria do portal Terra dá conta de belas iniciativas de lideranças cristãs evangélicas combatendo as várias formas de preconceito nas igrejas cristãs. Bonito, nota dez, esses entenderam a mensagem de Cristo!! Em diversas denominações cristãs, existem iniciativas que pretendem evitar a disseminação de ideias preconceituosas e a defesa dos direitos humanos. A irmãzinha e pastora metodista Lídia Maria de Lima organiza eventos religiosos para fazer um alerta sobre a violência doméstica e praticar o que chama de "teologia feminista". 

A pastora já fez bonito em sua dissertação de mestrado, denominada "Entre o amém e o axé - O trânsito religioso de evangélicos rumo às religiões afro-brasileiras". Defendeu em 2012 o bonito trabalho na UMESP, no bem recomendado programa de Pós Graduação em Ciências da Religião. A essência é essa: nos cultos de igrejas cristãs, em especial as (neo)pentecostais, há todo um alvoroço maniqueísta quando um ex praticante de cultos afro se diz "convertido" ao cristianismo. E quando a coisa flui ao contrário? E porque/como isso ocorre? Dica: leiam o texto da reverenda! O link é http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/220

Uma coisa importante no trabalho da reverenda Lìdia é apontar para as divergências em torno da interpretação dos preceitos bíblicos, que geram preconceitos absurdos. Muito pastor utiliza passagens bíblicas para justificar a subordinação feminina ao homem. Para a pastora, "o que sempre aparece em discursos machistas são trechos que dizem que a mulher foi criada para ser auxiliadora. São textos escritos por homens que refletem a sua época", diz. Para acabar com o besteirol preconceituoso, a reverenda organiza eventos voltados a mulheres em São Paulo. Em cada encontro, com cerca de 20 a 30 pessoas, há uma discussão sobre a condição da mulher na sociedade brasileira, na igreja e são distribuídas cartilhas sobre o enfrentamento à violência doméstica, um material didático que ultrapassou os limites da igreja metodista e foi replicado em outras denominações. 

Destaco que a Igreja Metodista tem um excelente ministério feminino, ativo há várias décadas, apesar dos preconceituosos de plantão, e já temos bispas eleitas em concílio, para raiva dos misóginos de carteirinha. Lembra a pastora que "a leitura bíblica que se faz nas igrejas é pensada a partir do patriarcado, dizendo que Deus é homem, fala dos pais da igreja (Abraão, Isaac), e o lugar da mulher está sempre em posição de submissão. Quando pensamos em teologia feminista, fazemos uma releitura dessa história bíblica". Pra pensar e agir....


Comentários

  1. Muito querido Guto,
    tudo bem, comigo depois de 24 dias viajando em lugares inéditos. Contigo está tu bem? Estou na torcida pela saúde de teu sogro.
    Li tuas duas blogadas. A dos evangélicos e do vade retro. Fico na primeira.
    Tudo é questão de conotação que se dá as palavras. É senso comum entre nós que ‘evangélico’ e um neopentecostal. Tu, por exemplo, para o senso comum não és evangélico. És metodista, como há os luteranos, os católicos (que rigorosamente são evangélicos).
    Perdemos o uso de uma denominação que há tempo tinha muito trânsito: os protestantes. Seria o universo dos cristãos que há 500 anos reformaram a igreja romana (também dita católica, como ainda se dizem os anglicanos ou episcopais.
    Parece-me ser distinguido pertencer a uma igreja — como a tua — onde mulheres ascendem ao sacerdócio, algo ainda inviável na majoritária igreja católica.
    Saudades e um afago no teu trio Karina, Clara e Sophia

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