reunir a tribo...
Ontem, um amigo me preocupou com sua saúde. Pulmões fragilizados em um sujeito com a força de um trator. As cicatrizes de batalhas cirúrgicas ornando o ventre, a pressão denunciando a surra do tempo. Meu amigo, meu herói, como dói saber que a ti também corrói a dor... Fico preocupado em não poder te puxar as orelhas para consumir mais mel e gengibre, coisas da terra que curam. Insisto com Paul Simon, "I'm
on your side, when times get rough".
Alguns dias antes, um encontro com outro amigo nos traz algo mais chocante ainda. Ele nos conta coisas nada boas de outro querido. Sim, um outro amigo, um dos mais ativos e desinibidos da trupe, que dividia seus talentos de advogado no serviço público como o de ator de teatro, sempre com uma desenvoltura fantástica, sofrendo o jugo de uma patologia neurodegenerativa. As mãos, o sorriso, o jeito de ser de um de nossos meninões, sendo vencido, ou tomando uma severa surra, de um mal que tem o tempo como inimigo. Músculos não obedecendo, dores surgindo do nada, e a sensação de impotência e dor na gente...
Não tinha como não lembrar de nossa juventude, quando ambos amigos, no riso franco, privavam conosco se suas alegrias, de seus sonhos, de suas utopias. A sensação de ter dois grandes e queridos amigos passando por perrengues de saúde mexe comigo. Faz sentir falta desses doidos. Sinto saudade deles e delas. Sinto também saudade de mim mesmo, do jovem, sonhador, idealista, o coração cheio de vontades, desejos, ideias e ideais. Do pé na estrada, do violão de noite, do vinho barato e da comida improvisada. Do café em pé nas cozinhas maternas, do bolo feito com o que as dispensas ofereciam, dormir ao relento olhando estrelas em Itaara, as fogueiras, lareiras, garajões e varandas...
O tempo fragmentou a tribo. Como na gênese dos povos indígenas da América, de Pachamama. Como na canção que Geraldo Espíndola, irmão da Tetê Espíndola, escreveu, ao contar a saga do primeiro indígena na Terra, Quyquyho:
Quyquyho nasceu no centro
Entre montanhas e o mar
Quyquyho viu tudo lindo
Todo índio por aqui
Índia América deu filhos
Foi Tupi foi Guarani
Quyquyho morreu feliz deixando
a terra para os dois
Guarani foi pro sul
Tupi pro norte
E formaram suas tribos
cada um em seu lugar
Vez em quando se encontravam
Pelos rios da América
E lutavam juntos contra o
branco em busca de servidão
E sofreram tantas dores acuados no sertão
Tupi entrou no Amazonas
Guarani ainda chama
Quyquyho na lua cheia quer Tupi,
quer Guarani...
Alguns dias antes, um encontro com outro amigo nos traz algo mais chocante ainda. Ele nos conta coisas nada boas de outro querido. Sim, um outro amigo, um dos mais ativos e desinibidos da trupe, que dividia seus talentos de advogado no serviço público como o de ator de teatro, sempre com uma desenvoltura fantástica, sofrendo o jugo de uma patologia neurodegenerativa. As mãos, o sorriso, o jeito de ser de um de nossos meninões, sendo vencido, ou tomando uma severa surra, de um mal que tem o tempo como inimigo. Músculos não obedecendo, dores surgindo do nada, e a sensação de impotência e dor na gente...
Não tinha como não lembrar de nossa juventude, quando ambos amigos, no riso franco, privavam conosco se suas alegrias, de seus sonhos, de suas utopias. A sensação de ter dois grandes e queridos amigos passando por perrengues de saúde mexe comigo. Faz sentir falta desses doidos. Sinto saudade deles e delas. Sinto também saudade de mim mesmo, do jovem, sonhador, idealista, o coração cheio de vontades, desejos, ideias e ideais. Do pé na estrada, do violão de noite, do vinho barato e da comida improvisada. Do café em pé nas cozinhas maternas, do bolo feito com o que as dispensas ofereciam, dormir ao relento olhando estrelas em Itaara, as fogueiras, lareiras, garajões e varandas...
O tempo fragmentou a tribo. Como na gênese dos povos indígenas da América, de Pachamama. Como na canção que Geraldo Espíndola, irmão da Tetê Espíndola, escreveu, ao contar a saga do primeiro indígena na Terra, Quyquyho:
Quyquyho nasceu no centro
Entre montanhas e o mar
Quyquyho viu tudo lindo
Todo índio por aqui
Índia América deu filhos
Foi Tupi foi Guarani
Quyquyho morreu feliz deixando
a terra para os dois
Guarani foi pro sul
Tupi pro norte
E formaram suas tribos
cada um em seu lugar
Vez em quando se encontravam
Pelos rios da América
E lutavam juntos contra o
branco em busca de servidão
E sofreram tantas dores acuados no sertão
Tupi entrou no Amazonas
Guarani ainda chama
Quyquyho na lua cheia quer Tupi,
quer Guarani...
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