Extração de DNA em sala de aula
Adaptado do texto de Valesca Veiga Cardoso Casali, Emerson A. Casali e Carlos Augusto B.M. Normann, publicado originalmente em NORMANN, CABM (ORG.) Práticas em biologia celular. 2. ed. Porto Alegre: Sulina; Porto Alegre: Editora Universitária Metodista IPA, 2017. 303 p. Uso para trabalhos escolares permitido, desde que citando a fonte e os autores e autora.
Introdução
Macromoléculas
de grande relevância biológica, os ácidos nucleicos, são usados
pelas células de todos os organismos vivos para fornecer as
instruções sobre os processos celulares, além de estocarem e
transmitirem essas informações. A informação genética é
decifrada através de um código genético, cuja tradução resulta
na síntese proteica.
Existem
dois tipos de ácidos nucleicos, ácido desoxirribonucleico (DNA) e o
ácido ribonucleico (RNA). Eles são polímeros lineares de monômeros
de nucleotídeos unidos por ligações fosfodiéster. Existem quatro
tipos diferentes de nucleotídeos tanto no DNA quanto no RNA. Os
nucleotídeos são
compostos
de um grupo fosfato, uma pentose (açúcar) e uma base nitrogenada
(púrica e pirimidínica), todos esses unidos por ligações
covalentes. A pentose do DNA é a desoxirribose, e a do RNA é uma
ribose. As bases adenina, guanina e citosina estão tanto no DNA
quanto no RNA, mas timina somente é encontrada no DNA, e a uracila
no RNA.
Watson
e Crick, em 1953, propuseram o modelo tridimensional do DNA baseado
nos estudos de Franklin e Wilkins. Esse modelo demonstra que o DNA é
uma dupla hélice e que duas fitas de DNA se enrolam em torno do eixo
das hélices. O DNA das células eucariontes apresenta três frações
caracterizadas pelo grau de repetição, apresentadas na sequência.
DNA
singular ou de cópia única
Constitui
a maior parte do DNA no genoma. As sequências que codificam
proteínas (isto é, a porção codificadora dos genes) compreendem
apenas uma pequena proporção do DNA de cópia única.
A
maior parte do DNA de cópia única encontra-se em extensões curtas,
entremeadas com diversas famílias de DNA repetitivo. Proporção do
genoma: 75%.
DNA
repetitivo disperso
Consiste
em sequências relacionadas que se espalham por todo o genoma, em vez
de ficarem localizadas. Os elementos repetidos dispersos mais
exatamente estudados pertencem à família Alu e à família L1.
Família
Alu
Tem
essa denominação porque a maioria dos seus membros é clivada por
uma endonuclease de restrição bacteriana denominada Alu I,
instrumento importante da tecnologia do DNA recombinante. Os membros
dessa família têm um comprimento de cerca de 300 pares de bases e
são relacionados uns aos outros, mas não exibem uma sequência
idêntica. No total existem cerca de 500.000 membros da família Alu
no genoma, estimando-se que constituam 3% do DNA humano.
Família
L1
Constitui
sequências repetidas longas encontradas em cerca de 10.000 cópias
por genoma. Assim, embora haja muito menos cópias nessa família do
que na Alu, seus membros são bem mais longos, e a contribuição
para a constituição do genoma é cerca de 3%.
DNA
satélite
Envolve
sequências repetidas (em tandem) agrupadas em um ou em alguns
locais, intercaladas com sequências de cópia única ao longo do
cromossomo. As famílias de DNA satélite variam quanto à
localização no genoma, comprimento total da série em tandem e
comprimento das unidades repetidas que constituem a série.
As
técnicas e as manipulações ligadas aos ácidos nucleicos têm sido
grandemente exploradas desde a década de 1970; hoje, essas técnicas
têm fornecido à ciência, à medicina e à indústria grandes
avanços.
Extrair
e isolar ácidos nucleicos de tecidos em quantidade suficiente e
integridade são essenciais na prática da biologia molecular. Neste
blogue, descreveremos uma
metodologia de fácil reprodução, através de uma técnica de baixo
custo e facilmente multiplicável, em especial em escolas de Ensino
Médio e Fundamental. É uma adaptação
da metodologia de Diane Sweeney Labs Biology: Exploring
Life© Pearson Education.
Objetivos
Permitir
extrair ácidos nucleicos de células de pseudofrutos de morango, que
podem ser facilmente utilizados em sala de aula porque são muito
macios e fáceis de homogeneizar. Compreender a função dos passos
da técnica, bem como dos reagentes envolvidos.
Materiais
Amostra
de tecido vegetal (um ou dois morangos), estilete, placa de petri,
bastão de vidro, banho-maria 60 °C, erlenmeyer, proveta, tubos de
centrífuga ou ensaio, funil, papel-filtro, álcool gelado (96%),
NaCl, detergente, água destilada.
Procedimentos
1.
Preparação do tampão de extração: misture em um tubo de
centrífuga ou ensaio 6 ml de detergente e 3 gramas de NaCl, complete
para 50 ml com água destilada (com o uso de proveta se possível).
Aqueça o tampão em banho-maria a 60oC.
2.
Picar em uma placa de Petri um ou dois morangos (sem as sépalas) em
pedaços pequenos.
3.
Adicionar a amostra no tampão de extração aquecido.
4.
Deixar em banho-maria a 60 ºC por 10 minutos.
5.
Filtrar a mistura com papel-filtro, recuperando o filtrado em um
erlenmeyer (ou em um frasco de vidro), que deve ser resfriado.
6.
Adicionar álcool gelado (96%) ao filtrado, deixando o álcool
escorrer pela parede do vidro LENTAMENTE. Formam-se duas fases, a
superior, alcoólica e a inferior, aquosa.
7.
Misture as fases e observe a formação de fios esbranquiçados, que
são aglomerados de moléculas de ácidos nucleicos (DNA e RNA e
polissacarídeos).
A
extração de ácidos nucleicos de células eucariontes consta
fundamentalmente de duas etapas:
• Ruptura
das células para liberação dos núcleos, que é feita pela ação
do detergente sobre os lipídios da membrana.
• Desmembramento
dos cromossomos em seus componentes básicos, DNA e proteínas: feito
a partir da saturação com o sal de cozinha, bem como pelos íons
fosfato presentes no detergente. O morango é usado por apresentar
células grandes, que se rompem quando são picados. O detergente
desagrega os envelopes nucleares e as membranas das células,
liberando o DNA. Um dos componentes do detergente, o dodecil (ou
lauril) sulfato de sódio, desnatura as proteínas, separando-as do
DNA cromossômico. O álcool gelado, em ambiente salino, faz com que
as moléculas de DNA se aglutinem, formando uma massa filamentosa e
esbranquiçada.
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