“O que esses indígenas estão fazendo aqui”?
Nerlei
Fidelis, kaingang, estudante de medicina veterinária da UFRGS ouviu
essa frase, repleta de ódio, em frente a Casa do Estudante da
UFRGAS, onde mora atualmente. Ele pertence ao programa de cotas
raciais. Numa noite de sábado, em frente à moradia estudantil da
Universidade, em pleno centro da cidade de Porto Alegre, o estudante
é brutalmente espancado, possivelmente por outros estudantes da
mesma Universidade. Um grupo de estudantes brancos, num ato de
truculência, agride o indígena simplesmente por ele ser índio.
A coisa toda
começou por volta da 1h45. Nerlei foi atacado pelo grupo, que
começou a desferir socos e pontapés no estudante. O vídeo da
câmera de segurança mostra o momento em que ele cai ao lado de uma
lixeira e, mesmo no chão, segue sendo covardemente chutado. Um dos
homens segura Nerlei pelas costas, enquanto outros dão chutes nele.
Pausa. Hoje mesmo,
ouço no rádio que o prof. dr. Jefferson Fernandes assumiu como
reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Fernandes é da
etnia Macuxi, e é o primeiro roraimense eleito para o cargo. Origem
humilde, filho de um servidor público e de uma doméstica,
Fernandes, de 51 anos, nasceu na antiga Vila do Surumu, que hoje faz
parte do território da Terra Indígena Raposa Serra Sol (TIRSS). Por
conta origem indígena e do histórico em universidades públicas, o
professor quer promover uma educação gratuita de qualidade e
investir, de forma prioritária, no ensino de indígenas. Bela
notícia.
“O
que esses indígenas estão fazendo aqui”? Retomo a pergunta do
gorila de plantão, dessa vez em relação ao dr. Jefferson. E eu
respondo: História, justiça social, a diferença para os povos
indígenas e todos e todas que foram alijados da sociedade
brasileira, do direito ao ensino superior de qualidade.
Que
sejam identificados e punidos os maníacos racistas que espancaram
Nerlei. E que ele siga sua faculdade, e faça a diferença aos seus
irmãos e irmãs kaingangs. Vy'apavẽ,
Nerlei
e dr. Jefferson!
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