e por falar em transgênicos...

Motivado pela blogada do amigo Chassot, resolvi dar uns pitacos na questão meio adormecida do uso de organismos geneticamente modificados, os populares transgênicos, e seus diversos impactos. Tem gente boa que acha maravilhoso esse recurso, que, além de permitir ao pesquisador brincar de Deus, lhe traria hipotéticas vantagens, pela inserção de genes alheios em organismos, sejam eles pés de soja, arroz, porcos ou camundongos.

A questão não é tão simples assim. Há vários senões a serem medidos. Se há possibilidades interessantes abertas pela manipulação genética, como a produção de insulina humana por bactérias e porquinhos, há outros questionamentos a serem feitos. Desde aspectos de saúde pública, ambiental e economia, vários impactos podem ser previstos a partir do uso de OGMs. E vamos combinar, todos sérios e de pouca repercussão positiva...

A pressão das empresas de biotecnologia em vender suas "facilidades" na forma de OGMs é típica de qualquer tipo de empresa dentro de uma lógica capitalista. Um exemplo emblemático é o que a Monsanto fez com seu "produto" a soja RoundUp Ready. Essa variedade, geneticamente manipulada, é resistente ao herbicida RoundUp, fabricado pela mesma empresa (coincidência bacaninha essa). O RoundUp mata qualquer vegetal, menos, claro, a modificada geneticamente. Isso cria uma dependência do pacote tecnológico que prejudica o agricultor. Sabe-se que a soja convencional rende mais que a "turbinada" geneticamente, é uma falácia a pretensiosa produtividade maior movida a herbicidas e OGMs.

A discussão merece ser retomada, pois há vários aspectos envolvidos. A questão ambiental, por exemplo, é seriamente impactada pelo uso de glifosato (identidade secreta do RoundUp). O bagulho mata qualquer planta que não lhe seja geneticamente aparelhada para resistir. Imagine o impacto sobre a vegetação, posto que o herbicida é arrastado para corpos aquáticos..

Sobre o aspecto de saúde, há vários questionamentos.

1. Aumento das alergias: o Instituto de Nutrição de York, Inglaterra, em 1999, uma pesquisa constatou o aumento de 50% na alergia a produtos à base de soja, afirmando que o resultado poderia ser atribuído ao consumo de soja geneticamente modificada. Nos Estados Unidos: reações em pessoas alérgicas impediram a comercialização de uma soja que possuía gene de castanha-do-pará (que é um famoso alergênico).

2. Aumento de resistência aos antibióticos: o mesmo "jeito" de injetar genes interessantes em bactérias te leva a também transmitir genes de resistência a antibióticos.

3. Aumento da presença de substâncias tóxicas;

4. Maior quantidade de resíduos de agrotóxicos: que o diga quem usa indiscriminadamente os pacotes de tecnologia RoundUp Ready...

Isso só pra começar o assunto...

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