ciclo de Krebs - pra entender de vez..
Ele causa
pesadelos, traumatiza, faz as pessoas pensarem duas vezes na área de
Saúde...mas não é tão monstruoso assim! Falo do famoso
ciclo de Krebs,
também chamado de
ciclo do ácido
cítrico, ou ciclo
do ácido tricarboxílico (nome
mais modernoso, de influência norteamericana). O ciclo
é uma das fases da respiração celular descoberta por
Hans Adolf Krebs, no ano de
1938. Essa fase da respiração ocorre na matriz da
mitocôndria
e é considerada uma rota anfibólica, pois
tem propriedades de catabolizar (ou seja, desdobrar substratos) e
anabolizar
(preparar “tijolos” para produzir outras moléculas importantes).
No ciclo
de Krebs, em
geral o professor
parte da quebra da glicose no citossol, convertendo cada molécula
docinha em duas de piruvato
(ácido
pirúvico)
(C3H4O3).
Então, a partir da
glicólise, quebrando a
glicose literalmente ao meio, temos o piruvato, que sofre uma
descarboxilação oxidativa
(libera um gás carbônico)
pela ação da enzima piruvato desidrogenase, existente no interior
das mitocôndrias, e reage com a coenzima
A (CoA).
O resultado dessa reação é a produção de acetilcoenzima
A (acetilCoA)
e de uma molécula de gás carbônico (CO2).
Em seguida, o acetilCoA
reage com o oxaloacetato,
ou ácido
oxalacético,
liberando a molécula de coenzima
A, que não
permanece no ciclo, formando ácido cítrico. Cabe
lembrar que o acetilCoA pode vir da oxidação de ácidos graxos e
aminoácidos. Aliás, porque você acha que se utiliza a atividade
AERÓBICA para queimar os pneuzinhos do final de semana???
Depois de formar o
ácido cítrico (ou citrato,
dependendo da tradução),
haverá uma sequência de oito reações onde ocorrerá a liberação
de duas moléculas de gás carbônico, elétrons e íons H+.
Ao final das reações, o ácido oxalacético (oxalacetato)
é restaurado e devolvido à matriz mitocondrial, onde estará pronto
para se unir a outra molécula de acetilCoA
e recomeçar o
ciclo.
Os elétrons e íons
H+
que foram liberados nas reações são capturados
por derivadas do complexo vitamínico B, o
NAD
(nicotinamida adenina
dinucleotídeo, derivado da vitamina B3) que se
convertem em moléculas de NADH,
e também pelo FAD
(flavina adenina dinucleotídeo, derivado da vitamina B2),
outro aceptor de elétrons.
No ciclo
de Krebs, a energia
liberada em uma das etapas forma, a partir do GDP
(difosfato de guanosina) e de um grupo fosfato inorgânico (Pi),
uma molécula de GTP
(trifosfato de
guanosina) que difere do ATP
apenas por conter a guanina como base nitrogenada ao invés da
adenina. O GTP
é o responsável por fornecer a energia necessária a alguns
processos celulares, como a síntese de proteínas. Na
prática, GTP é convertido em ATP de forma tranquila.
Por condensação,
a enzima citrato sintase converte o oxalacetato em citrato, liberando
a coenzima A para a matriz. A seguir, o citrato é isomerizado a
isocitrato, com uma passagem transitória pelo aconitato (aconitase).
A ação da isocitrato desidrogenase permite que o NAD capture o
próton, formando um outro composto intermediário, o oxalo-succinato
e, na sequência, o alfa-ceto-glutarato, liberando
gás carbônico. Este é
também descarboxilado,
liberando gás carbônico e um próton, capturado pelo NAD. A
alfa-ceto-glutarato desidrogenase cataliza o passo, que
libera o gás carbônico e origina o succinil CoA.
Pela ação da
succinilCoa-sintase, enzima
“de mão dupla”, ocorre a
produção
do succinato (e vice-versa),
incorporando/desincorporando
a Coenzima A à molécula por fosforilação em
nível de substrato. Isso
leva à captura de um fosfato pelo GDP, gerando o GTP. Ocorre
liberação da CoA e produção do succinato. Daí,
os prótons liberados na
próxima etapa são
capturados pelo FAD, em uma reação catalizada pela succinato
desidrogenase, formando o
fumarato.
A fumarase converte
o fumarato, hidratado, em malato, o qual, por desidrogenação via
malato desidrogenase, é convertido em oxalacetato, o aceptor de
carbonos que regenera o citrato ao final-início do ciclo.
Ele. O ciclo. |
Podemos concluir
que o ciclo de Krebs
é uma reação catabólica
porque promove a oxidação do acetilCoA,
a duas moléculas de CO2,
e conserva parte da energia livre dessa reação na forma de
coenzimas reduzidas, que serão utilizadas na produção de ATP
na fosforilação oxidativa, a última etapa da respiração celular.
O ciclo
de Krebs também tem
função anabólica,
sendo por isso classificado como um ciclo anfibólico.
Para que esse ciclo tenha, ao mesmo tempo, a função anabólica e
catabólica, as concentrações dos compostos intermediários
formados são mantidas e controladas através de um complexo sistema
de reações auxiliares que chamamos de reações anapleróticas. Um
exemplo de reação anaplerótica é a carboxilação de piruvato
para se obter oxalacetato, catalisado pela enzima piruvato
carboxilase.
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