síndrome de abstinência

Estou sofrendo de síndrome de abstinência. A coisa é maior que eu, mais forte que minha força de vontade.

Eu sei que a vida tem dessas coisas. Que nada é eterno, que as coisas são cíclicas.

Diga isso para meu id, que se deleita quando exerço meu vício...nesse ponto de vista freudianamente embalado, meu ego clama por seus afagos, por sua exaltação armada de canetão ou giz, de um powerpoint ou de filmes made in youtube.

De vez em quando me pego balbuciando palavras quase ininteligíveis para alguns... um gutural Krebs vem do fundo da alma...imagens de cabeças de miosina fosforilada interagindo com dona actina desfilam como a bateria de uma escola de samba diante de uma retina, de suas células ganglionares, de seus fotocaptores cones e bastonetes e células gliais modificadas. Nisso, estou começando a delirar com macrófagos de vários tipos em perseguição, despejando o conteúdo de lisossomos sobre minha pessoa, tentando me dissolver...

As ecografias de gestantes também fervem meu imaginário, olhando brotamentos de membros superiores e inferiores, imaginando a face em formação, ramos de mandíbula se buscando, olhos se frontalizando, chegando a lembrar daquela cena do final de 2001 - Uma odisséia no espaço (trilha sonora: Also sprach Zarathustra... bum, bum, bum, bum, bum, bum, bum,  bum....toooooo......tooooooooo....totooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

Karina me flagra tendo acessos de sonambulismo, tentando desenhar as diferentes formas de tecido epitelial... Falo dormindo sobre células de Clara e a própria fica pensando em qual delas o papai se referia, sem que passe pela sua linda mente de um ano e meio que o papai fala de celulazinhas específicas dos bronquíolos, e não das suas. Vejo Sophia expor um trabalho na feira de ciências de sua escola e lembro dos salões e congressos em que o Normann do banner era o genitor da referida mocinha.

Bah...realmente, está fazendo falta a docência...


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