Ciclo Celular, Mitose e Meiose
Autoria: Carlos
Augusto BM Normann e Alessandra Angélica P. Bueno
(Ver: Normann, C.A.B.M. Práticas em Biologia Celular. Porto Alegre, Sulina. 2008)
O
ciclo celular é o nome dado à série de eventos que ocorre nas
células eucarióticas, levando-as à replicação do DNA
e, por conseqüência, da própria célula. O
ciclo é dividido basicamente em dois períodos: interfase
e mitose. Na
interfase, ocorrem dois eventos: o acúmulo de nutrientes e outras
substâncias necessárias à mitose, e a duplicação do DNA. Na
mitose, por outro lado, a célula, com o DNA duplicado, promove a sua
divisão em duas “células-filhas”. O ciclo celular é vital para
o desenvolvimento do zigoto, bem como para a renovação de vários
tecidos do organismo.
O
ciclo celular apresenta dois períodos e quatro fases distintas: G1,
S, G2
(interfase) e M.
A fase M é a mitose,
com a divisão dos cromossomos duplicados, associada com a
citocinese, que é a
divisão do citoplasma, concluindo a formação de duas células
diferentes. A ativação de cada fase do ciclo é dependente da
própria progressão e da complementação das etapas sucessivamente.
Algumas células que tenham temporária ou reversivelmente parado o
processo divisional são ditas como entrando em um estágio
denominado de G0.
A
fase M é considerada relativamente breve. Consiste na cariocinese,
ou divisão nuclear, e na citocinese,
ou divisão citoplasmática. Em plantas e algas, a citocinese é
acompanhada pela formação de uma nova parede celular. Após cada
fase M, as células-filhas logo começam a interfase
de um novo ciclo celular. Embora os vários estágios da interfase
não sejam morfologicamente distintos, cada fase do ciclo celular tem
um grupo de processos bioquímicos especializados distintos, que
preparam a célula para uma nova rodada de divisões celulares.
A
primeira fase da interfase, após o final de uma mitose, inicia com a
síntese de DNA. É o chamado G1.
A inicial G significa “gap” ou intervalo, levando em conta o
conceito antigo de que a atividade celular estaria mais ligada à
mitose. Hoje sabemos que na interfase a célula é extremamente
ativa, tanto na síntese de DNA, na sua transcrição e tradução,
entre outros vários processos. De fato, as atividades e processos
metabólicos, que na mitose haviam diminuído radicalmente, voltam a
ocorrer em altas taxas na fase G1.
É nesta fase que ocorre a síntese das várias enzimas requeridas
para a fase S, onde irá ocorrer a replicação do DNA. A duração
da G1 é variável,
de acordo com os tipos celulares.
A
fase S inicia quando a célula está plenamente habilitada à síntese
de DNA. Uma vez que a fase S esteja concluída, os cromossomos
celulares estarão duplicados, possuindo duas cromátides filhas.
Durante essa fase, a quantidade de DNA da célula efetivamente é
dobrada, em que pese se mantenha a ploidia.
As taxas de transcrição do RNA e síntese protéica são baixas na
fase S, excetuando-se a produção de histonas.
A duração da fase S é relativamente constante em células de uma
mesma espécie.
A
célula, após a fase S, inicia a fase denominada G2.
Esta fase é a última etapa da interfase antes da mitose. Novamente,
ocorre a síntese protéica em taxas elevadas, em especial a produção
de microtúbulos, altamente requeridos ao longo da mitose. A inibição
da síntese protéica na fase G12 evita
que a célula inicie a mitose, e é uma estratégia de algumas
técnicas de quimioterapia para neoplasias.
A
expressão pós-mitótica é usada, às vezes, para se referir a
células quiescentes e senescentes. Células não proliferativas, em
organismos pluricelulares, entram, via de regra, num estado G1
denominado G0 , e
podem permanecer quiescente por longos períodos de tempo,
possivelmente indefinidamente, como os neurônios. Isso é muito
comum em células que estão plenamente diferenciadas. A senescência
celular é um estado que ocorre em resposta ao dano ao DNA, ou à
degradação que faça a célula inviável para replicação. Essa é
uma alternativa à auto-destruição da célula danificada pela
chamada morte celular programada, ou apoptose.
Alguns
tipos de células maduras, como as do parênquima hepático e renal,
entram em G0, mas
de forma semi-permanente. Essas células, por estímulos adequados,
podem ser reinduzidas à ingressar na fase S, G2
e realizar novamente mitose, em circunstâncias bastante específicas.
Outros tipos celulares, como as células da mucosa digestória, da
pele, mucosa vaginal e das vias aéreas superiores, continuam a
dividir ao longo de toda a vida do organismo.
Partindo
dessas características do ciclo celular, podemos, então,
classificar as células como:
Lábeis: alta capacidade de renovação epitelial, como na mucosa gástrica (20 dias para uma renovação total do epitélio);
Estáveis:
são células diferenciadas, que, em algumas circunstâncias, podem
desdiferenciar-se e voltar a replicação. Ex: fibroblastos e
parênquima hepático.
Permanentes:
são células altamente diferenciadas, que, via de regra, não
desdiferenciam-se, não podendo, portanto, retomar o ciclo e proceder
a mitose. Ex: neurônios e cardiomiócitos.
A
regulação do ciclo envolve passos cruciais na vida da célula, o
que inclui a detecção e reparo de danos ao material genético, bem
como a preparação da célula para os chamados “checkpoints” que
ocorrem ao longo do ciclo, que permitem a divisão celular somente se
a célula está em plenas condições. Os eventos moleculares que
controlam o ciclo celular são ordenados e direcionais, ocorrendo
cada processo em uma seqüência, sem que haja a possibilidade de que
o ciclo ocorra de forma reversa.
Para
que o ciclo ocorra de forma correta, existem duas classes de
moléculas que fazem a regulação do ciclo: as ciclinas
e as quinases dependentes de ciclinas (CDK),
que determinam o progresso da célula ao longo do ciclo. A descoberta
dessas moléculas garantiu a Leland H. Hartwell, Timothy Hunt e Paul
M. Nurse o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2001. Muitos dos
genes que codificam as ciclinas e as CDKs são conservados entre
todos os eucariotos, mas em geral organismos mais complexos têm
sistemas de controle do ciclo celular mais elaborados, que incorporam
outros componentes.
Ciclinas
formam uma subunidade regulatória, e as CDKs agem como subunidades
catalíticas, formando juntas uma espécie de heterodímero protéico.
Ciclinas não possuem atividade enzimática, e CDKs são inativas sem
a presença da ciclina. Quando ativadas por uma ciclina que se liga,
as CDKs fosforilam outras proteínas, ativando-as ou inativando-as, a
fim de coordenar a entrada na próxima fase. Cabe lembrar que
quinases são proteínas fosforiladoras de outras proteínas.
Diferentes combinações de ciclina e CDK determinam a cascata de
proteínas-alvo. As CDK são expressas de forma mais continuada,
enquanto que ciclinas são sintetizadas somente em estágios
específicos do ciclo celular, em resposta a sinais moleculares
específicos.
Após
receber um sinal pró-mitótico extracelular, como um estímulo
hormonal, por exemplo, o complexo ciclina G1
–CDK torna-se
ativo, preparando a célula para iniciar a fase S, promovendo a
expressão de fatores de transcrição, que, por sua vez, promovem a
expressão das ciclinas S
e das enzimas necessárias à replicação do DNA. O complexo ciclina
G1-CDK
também promove a degradação de moléculas que inibem a entrada na
fase S, marcando-as para ubiquitinação
(degradação da proteína em um complexo enzimático denominado
proteassomo).
O
complexo ciclina S-CDK fosforila proteínas que preparam o complexo
pré-replicação, montado durante a fase G1
nas origens de replicação do DNA. A fosforilação serve para dois
propósitos: ativar cada parte do complexo de pré-replicação, e
prevenir a formação de novos complexos. Isso permite que cada
porção do genoma seja replicada uma vez, e somente uma vez. A razão
para prevenir falhas é bastante clara, uma vez que, se as células-
filhas tiverem a perda de algum gene importante, poderão morrer. Por
outro lado, por razões relacionadas ao efeito do número de cópias
dos genes, possuir cópias extras de certos genes pode também ser
deletério para as células, tanto quanto sua falta.
O
complexo ciclina mitótica-CDK é sintetizado nas fases S e G2,
mas é mantido inativado. Ele promove a iniciação da mitose, pela
estimulação das cascatas protéicas envolvidas na condensação dos
cromossomos e na montagem do fuso mitótico. Uma ubiquitina ligase,
conhecida como complexo de promoção da anáfase (APC)
é ativada durante esse processo, promovendo a degradação de
proteínas estruturais associadas com o cinetócoro dos cromossomos.
APC também marca as ciclinas mitóticas para degradação, levando à
conclusão da telófase e citocinese.
A
primeira ciclina produzida no ciclo celular é a ciclina
D, em resposta a sinais como os fatores de
crescimento e o GH. Ciclina D liga ao CDK4,
formando um complexo ativo chamado ciclina
D-CDK4. Este complexo forforila a proteína
Rb (descoberta nos retinoblastomas infantis). Quando ela é
hiperfosforilada, ela dissocia do complexo E2F/DP1/Rb, ativando o
E2F, o que resulta na transcrição de vários genes ligados à
duplicação do DNA; entre os transcritos desses genes, estão a
DNA-polimerase, a ciclina A, ciclina E, timidina quinase e outros.
Ciclina E então liga-se na CDK2, formando o complexo ciclina E-CDK2,
o qual leva a célula para a transição entre as fases G1
e S. A ciclina A forma com a CDK2 o complexo ciclina A-CDK2, que
inicia a transição entre e G2 e
M. O complexo ciclina B-CDK1, quando ativado, promove a fosforilação
das laminas, o que desencadeia a desorganização do envelope
nuclear. Sua desativação, portanto, evita a mitose.
Duas
famílias de genes, a família cip/kip
e a família INK4a/ARF (inibidor da quinase 4/leitura alternativa de
tela) previnem a progressão do ciclo celular. Esses genes são
considerados, portanto, como supressores de tumor, devido a essa
particularidade funcional.
A
família cip/kip
inclui os genes p21, p27 e p57. Eles mantêm o ciclo na fase G1
inativando os complexos ciclina-CDK. P21 é ativado pela p53, que é
disparada pelo dano ao DNA. Por sua vez, a p27 é ativada pelo fator
de crescimento transformante beta, ou TGF-ß, um clássico inibidor
de crescimento. A família INK4a/ARF inclui a proteína p16INK4a, a
qual liga na CDK4 e prende o ciclo celular na fase G1.
Por sua vez, p14arf previne a degradação da p53.
No
ciclo celular, os chamados checkpoints são
empregados para monitorar e regular o progresso ao longo do ciclo.
Eles previnem a progressão do ciclo em pontos específicos, levando
a que sejam verificadas as condições para avançar ao longo do
ciclo, permitindo que seja feito o reparo ao DNA danificado, por
exemplo. A célula não pode ir para a próxima etapa do ciclo até
que os requerimentos do checkpoint
sejam plenamente satisfeitos.
Muitos
checkpoints são
designados para verificar se o DNA danificado ou incompleto não será
passado às células-filhas, evitando, portanto, a mutagênese. Os
dois grandes checkpoints
são: G1/S e G2/M.
A transição G1/S
é denominada de ponto de restrição.
Um modelo alternativo de resposta ao dano pelo ciclo celular foi
proposto, sendo conhecido como checkpoint
pós-replicação. Novamente, vemos a
proteína p53 com um importante papel, acionando o controle dos
checkpoints.
Se
o ciclo celular está mal regulado, podemos ter o desencadear de um
tumor no organismo. Como mencionado acima, alguns genes, como os
inibidores celulares Rb, ras
e p53, quando mutados, podem causar um descontrole na divisão
celular, uma vez que não estarão exercendo sua ação limitadora e
controladora do ciclo. Embora a duração do ciclo celular em células
neoplásicas seja igual ou até maior que no ciclo celular normal, a
proporção de células que estão em ciclo ativo, em relação às
células em G0,
entre as células tumorais, é muito maior. Também ocorre um
desbalanço entre células em apoptose e senescentes.
A proteína p53,
entre as suas várias funções, auxilia o início da apoptose; sua
inativação, por mutação, reduz a chance de células geneticamente
danificadas serem eliminadas, iniciando um processo carcinogênico.
Outro mecanismo de controle da divisão celular limita o número de
vezes que determinada célula se reproduz. Nesse mecanismo, as pontas
dos cromossomos, os telômeros,
marcam o número de divisões, e, no momento apropriado, iniciam
senescência e morte, por ocasião da telomerase. A ativação desta
enzima induz à imortalização celular, evento indispensável para a
carcinogênese.
A maioria das drogas
utilizadas na quimioterapia antineoplásica interfere de algum modo
nesse mecanismo celular, e a melhor compreensão do ciclo celular
normal levou à definição clara dos mecanismos de ação da maioria
das drogas. Foi a partir dessa definição que podemos classificar os
quimioterápicos conforme a sua atuação sobre o ciclo celular em:
- Ciclo-inespecíficos - Aqueles que atuam nas células que estão ou não no ciclo proliferativo, como, por exemplo, a mostarda nitrogenada.
- Ciclo-específicos - Os quimioterápicos que atuam somente nas células que se encontram em proliferação, como é o caso da ciclofosfamida.
- Fase-específicos - Aqueles que atuam em determinadas fases do ciclo celular, como, por exemplo, o metotrexato (fase S), o etoposídeo (fase G2) e a vincristina (fase M).
Mitose
A mitose ocorre
exclusivamente em células eucariotas. Procariotos, por não
possuírem núcleo, sofrem fissão binária. O
processo é complexo e altamente regulado. A
seqüência de eventos é dividida em fases, bem estabelecidas. As
fases são: prófase,
prometáfase, metáfase, anáfase e telófase.
Durante o processo, os pares de
cromossomos condensam, e ligam-se às fibras do fuso mitotico, que
puxam as cromátides irmãs
para os pólos opostos da célula. A mitose é concluída com a
citocinese.
Uma vez que a
citocinese ocorre em conjunção com a mitose, em geral ela é
englobada no sistema, sendo conhecido como “fase mitótica”.
Contudo, em algumas células do corpo, e mesmo fungos e outros
organismos, irão apresentar várias divisões nucleares, tornando-se
células multinucleadas. Erros na mitose podem conduzir a célula
para a morte celular programada, por apoptose, ou ainda desencadear a
mutagênese, levando a um tumor.
Cada cromossomo apresenta duas cópias dele, denominada
cromátides filhas,
unidas junto a uma região especializada, o centrômero.
Cada cromátide-irmã não é considerada em si um cromossomo, e um
cromossomo não contém sempre duas cromátides filhas.
Na maioria dos eucariotos, o envelope nuclear sofre desmanche na
mitose. Os cromossomos ficam alinhados no equador da célula e, por
ação dos microtúbulos, que interagem com os cinetócoros dos
centrômeros, ocorre a tração dos cromossomos filhos para os pólos
celulares.
Interfase
Como
vimos anteriormente, é a fase em que ocorre a replicação do DNA e
a síntese de proteínas que são vitais para a replicação celular.
Pré-prófase
Ocorre
em plantas, nesta fase se forma uma banda
pré-profásica,
composta por um anel de microtúbulos e microfilamentos, em adição
à formação do fragmossomo, que é uma bainha transversal que
divide a célula no seu futuro plano de divisão. A banda orienta o
local da futura citocinese. A banda pré-profásica desaparece na
pró-metáfase.
Prófase
Nesta
fase, o material genético, já duplicado, segue sua compactação,
havendo a replicação dos centríolos, polimerização da tubulina
para formação do fuso mitótico.
Prometáfase
O envelope nuclear desagrega-se
devido à fosforilação e acetilação das lamiinas nucleares. Os
cinetócoros começam a associar-se aos microtúbulos; nos
cinetócoros, proteínas motoras irão proporcionar o movimento
necessário à tração das cromátides.
Metáfase
Formação da placa equatorial,
equidistante aos centrossomos. Nesta fase, os cinetócoros estão
todos ligados aos microtúbulos.
Anáfase
Fase
na qual inicia-se o movimento de tração das cromátides-filhas para
os pólos da célula. Os motores moleculares do cinetócoro levam ao
encurtamento das fibras fusais, aproximando as cromátides dos pólos.
Telófase
Inicia-se
com a chegada das cromátides-filhas aos pólos celulares. Os
microtúbulos cinetocóricos desagregam-se e os polares alongam-se.
Os cromossomas começam a descompactar e as laminas são
desfosforiladas e desacetiladas, com a reestruturação do envelope
nuclear.
Citocinese
É
o processo de clivafem e separação do citoplasma após
reestabelecida a ploidia nuclear. Tem início na anáfase e conclui
com a telófase. Nas células animais, é a fase em que se forma um
anel de clivagem, por ação dos microfilamentos de actina
interagindo com a miosina. Leva à formação definitiva de duas
células individualizadas. Em algumas células, como o megacariócito,
esta fase não ocorre, havendo a chamada endomitose, que faz a célula
possuir inúmeras cópias de um mesmo núcleo.
Meiose
Meiose
I
É
na meiose I que ocorre a separação dos pares de homólogos. É a
fase na qual temos a recombinação genética, através do
crossing-over.
Cabe lembrar que, ao final da meiose I, ao contrário da mitose,
temos a separação dos cromossomos homólogos, ao invés das
cromátides-irmãs. As cromátides são separadas no decorrer da
meiose II.
Prófase I
Prófase I
Nesta
fase, ocorre o pareamento dos cromossomos homólogos e a recombinação
ou crossing over. Cromossomos formam as sinapses, unindo-os
fisicamente. Os cromossomos pareados são chamados bivalentes ou
tétrades, os quais apresentam dois cromossomos unidos e quatro
cromátides, dos quais um cromossomo é originado de um dos pais.
Neste estágio, as cromátides não-irmãs podem fazer o
crossing-over nos pontos denominados quiasmas.
a) Leptoteno
Do
grego “fios finos”, é a fase na qual inicia-se a condensação
dos cromossomos para a meiose. Cromossomos no leptóteno mostram um
arranjo específico onde seus telômeros são orientados para o
envelope nuclear, denominado “estágio do buquê”.
Os cromossomos aparecem unifilamentares (apesar da replicação já
ter ocorrido) e as cromátides são invisíveis. A invisibilidade das
cromátides permanece até a sub-fase de paquíteno.
b) Zigoteno
Os
cromossomos alinham-se com seus homólogos. Os homólogos são
denominados bivalentes Também são denominados de tétrades. Os dois
homólogos são mantidos unidos pelo complexo sinaptonêmico,
formando as sinapses cromossomais. Durante
o estágio de zigoteno, cada cromossomo parece atrair o outro para um
contato íntimo, à semelhança de um ziper. Este pareamento, a
sinapse, é altamente específico e ocorre entre todas as seções
homólogas dos cromossomos, mesmo se essas seções estão presentes
em outros cromossomos não homólogos.
c) Paquiteno
É a
fase em que ocorre o crossing-over.
As trocas de blocos de material genético ocorrem nos nódulos de
recombinação, ou quiasmas. A troca de informações entre as
cromátides resulta na recombinação da informação genética. O
paquíteno é um estágio de progressivo encurtamento e enrolamento
dos cromossomos que ocorre após o pareamento no zigóteno ter sido
completado. No paquíteno as duas cromátides irmãs de um cromossomo
homólogo estão associados às duas cromátides irmãs de seus
homólogos. Esse grupo de 4 cromátides é conhecido como bivalente
ou tétrades e uma série de troca de material genético ocorre entre
cromátides não irmãs de homólogos. O
paquíteno é também o estágio em que o complexo sinaptonêmico
pode ser observada entre os cromossomos através de microscópios
eletrônicos. Ele aparece como faixas de 3 componentes longitudinais
organizados em 2 camadas laterais de elementos densos e a central
constituída basicamente de proteínas. O complexo permite que os
cromossomos estejam em um contato mais íntimo e mais preciso.
d) Diploteno
Durante
o diploteno, o complexo sinaptonêmico se degrada, e os homólogos se
separam. Os cromossomos ainda se mantêm unidos formando as tétrades,
nos pontos de quiasmas. No estágio de diploteno cada cromossomo age
como se repelisse o pareamento íntimo estabelecido entre os
homólogos, especialmente próximo ao centrômero. Talvez isso ocorra
devido ao desaparecimento da força de atração existente no
paquiteno ou devido a uma nova força de repulsão que se manifesta.
A separação é impedida em algumas
regiões, em lugares onde os filamentos se cruzam. Essas regiões ou
pontos de intercâmbios genéticos, são conhecidas por quiasmas. Uma
tétrade pode apresentar vários quiasmas dando figuras em
configuração de V, X, O ou de correntes. Em muitos organismos suas
posições e número parecem ser constantes para um particular
cromossomo.
e) Diacinese
Na diacinese a espiralização e contração dos
cromossomos continua até eles se apresentarem como corpúsculos
grossos e compactos. Durante a fase final desse estágio ou início
da metáfase I, a membrana nuclear dissolve e os bivalentes
acoplam-se, através de seus centrômeros, às fibras do fuso
cromático. O nucleolo desaparece. O número de quiasma é reduzido
devido a terminalização. A terminalização é um processo pelo
qual, dado o encurtamento dos filamentos e a força de repulsão
existente entre homólogos, os quiasmas vão sendo empurrados para
alguns se escaparem por completo.
Metáfase I
Nessa fase os bivalentes orientam-se aleatoriamente sobre a placa equatorial. Em geral os cromosssomos estão mais compactos que aqueles da fase correspondente da mitose e permitem uma contagem das unidades que estão presentes na parte mediana da célula.
Anafase I
Os
microtúbulos do cinetócoro encurtam, tracionando os cromossomos,
formando conjuntos haplóides. Cada cromossomo possui um par de
cromátides irmãs. A célula prepara-se para a divisão. Nessa fase
inicia a movimentação das díades para pólos opostos, mas não há
rompimento dos centrômeros. Nesse caso há movimento de cromossomos
inteiros para pólos opostos e, consequentemente, essa fase reduz o
número de cromossomos à metade. Essa
fase é adequada ao estudo da posição dos centrômeros, pois as
cromátides se abrem permanecendo unidas apenas pelos centrômeros e
assim apresentando especiais. Nessa fase ainda ocorre algumas quebras
de quiasmas que ainda restaram.
Telófase I
Como na mitose, os dois grupos formados ou
aglomerados nos pólos passam por uma série de transformações. A
identidade das díades começa a desaparecer, os filamentos tornam-se
a desespiralizar, ficando menos conspícuos. Os núcleos não chegam
a retomar a interfase, pois logo após começa a se preparar para a
segunda divisão meiótica. Variando de acordo com o organismo, e de
acordo com o sexo e idade, uma divisão do citoplasma pode ou não se
verificar imediatamente após a separação dos dois núcleos. Meiose II
Prófase II
Essa fase é muito mais simples que a prófase I, pois os cromossomos não passam por profundas modificações na intercinese, e nem ocorrem as intrincadas modificações que ocorrem em função da formação do crossing-over. Ocorre o desaparecimento da membrana nuclear, a formação do fuso cromático e movimentação das díades para a placa equatorial.
Metáfase II
Os cromossomos, agora em número reduzido à metade, alinham-se na placa equatorial da célula.
Anáfase II
Os centrômeros se dividem permitindo a separação das cromátides irmãs, que, pela ação dos microtúbulos do fuso, migram para pólos opostos. Essas cromátides poderão carregar informação genética diferente caso tenha ocorrido permuta durante a prófase I (paquíteno).
Telófase
II
Os cromossomos atingem os pólos, se aglomeram e as novas identidades celulares são constituídas, quatro células a partir de uma original. Cada célula dessa meiose irá conter um grupo de cromossomos não homólogos, estando apta à fecundação. Entre os objetivos da meiose, está juntamente habilitar células à fertilização, podendo então, a partir da recombinação genética e do encontro de novos genomas, garantir a variabilidade genética para as espécies.
Não-disjunção
Quando
as divisões meióticas verificam-se anormais, com alteração no
número e/ou morfologia dos cromossomos, podemos ter como
conseqüência uma série de malformações e disploidias. Entre as
alterações de número cromossomal mais encontradas em seres humanos
estão:
Síndrome
de Down - trissomia of cromossomo 21
Síndrome
de Patau - trissomia do cromossomo 13
Síndrome
de Edward - trissomia of cromossomo 18
Síndrome
do Duplo Y - cromossomo Y extra em homens.
Síndrome
de Klinefelter - cromossomo X extra - XXY
Síndrome de Turner – dosagem de cromossomo X atípica em mulheres: XO
Síndrome de Turner – dosagem de cromossomo X atípica em mulheres: XO
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