Uso do microscópio
Anatomia e Funcionamento do Microscópio:
Observe
o microscópio. Identifique as partes
apresentadas na fotografia abaixo, bem como suas funções:
1.
Ocular: é onde você irá realizar a
observação. Em uma delas, temos um ajuste, a fim de corrigir
pequenos desvios de visão (miopia, hipermetropia), que distorceriam
o foco da imagem em trabalho. Evite encostar os dedos nela, uma vez
que sempre, por mais bem lavada que seja a mão, haverá algum
resíduo de gordura, típico da pele humana. Caso a mesma
apresente-se suja, solicite ao/à professor/a um pedaço de algodão
e um pouco da solução de limpeza, para permitir uma observação
qualificada.
Note
que há alguns números descritivos da lente. Em geral, a ampliação
conferida pela ocular é de 10 vezes sobre o tamanho da imagem
observada. A ocular irá, portanto, ampliar a imagem formada pela
objetiva. Multiplique este valor pelo da capacidade de aumento da
objetiva, como veremos adiante.
2.
Objetivas: elas se encontram no revólver.
O revólver é giratório, e nele há quatro
objetivas, que são formadas por conjuntos de lentes sobrepostas (de
4 a 6), corrigindo defeitos ópticos e permitindo uma correta
ampliação da imagem em análise. Objetivas de má qualidade muitas
vezes permitem que se formem círculos coloridos ao redor do material
observado, as chamadas linhas de Fresnel, distorcendo a observação.
Objetivas de boa qualidade, portanto, são essenciais numa boa
observação ao microscópio.
Em
geral, utilizam-se quatro objetivas: uma panorâmica (4x), uma de
aumento médio (10x), uma de aumento grande (40x) e uma especial, que
permite um aumento maior ainda, mas necessita o uso de óleo mineral,
em função de sua abertura numérica (100x). Esta objetiva especial
é também chamada de lente de imersão.
3.
Platina ou mesa: é onde colocamos a lâmina
para trabalhar, presa por uma pinça.
A mesa será elevada ou abaixada pelos parafusos macro e
micrométrico, a fim de ajustar o foco sobre o material que estamos
observando.
4.
Charriô: do francês charriot,
é o jogo de parafusos que permite que a lâmina presa pela pinça
seja deslizada ao longo da mesa ou platina, facilitando a análise do
material em estudo.
5.
Diafragma e Condensador: O
condensador é formado por duas ou mais lentes convergentes, que
concentram a luz que vem de uma fonte situada abaixo, focalizando-a
no objeto em análise, permitindo, pois, que as objetivas ampliem a
imagem. O condensador apresenta um diafragma em íris, que é
regulável. O diafragma permite regular a passagem de mais ou menos
luz pelo condensador, na medida em que o trabalho a demande. Quando
utilizamos objetivas de maior poder de aumento, é necessário abrir
mais o diafragma do condensador, ou seja, permitir que haja um aporte
maior de luz ao objeto, a fim de que se obtenha o máximo poder de
resolução da imagem em análise.
6.
Parafusos: os microscópios que utilizamos
apresentam um sistema de parafusos, a fim de que se faça uma
aproximação mais grosseira do objeto (macrométrico) ou mais
delicada (micrométrico).
7.
Fonte luminosa: situada na base do
microscópio, ela irá gerar a luz para nossas observações. Convém
regular a quantidade de luz no máximo, para obter o melhor de nossas
análises.
Utilizando
o microscópio:
O microscópio de luz
apresenta capacidades e limites, que permitem que ele seja um
interessante instrumento de pesquisa e aprendizado. Podemos
visualizar estruturas celulares, até um certo limite, que é dado
pelo poder, ou limite, de resolução do microscópio. Essa
propriedade, o limite de resolução, é
a capacidade de distinguir nítida e separadamente dois pontos
adjacentes. O limite
de resolução (LR) do microscópio de luz depende do comprimento de
onda (λ) da radiação utilizada e da abertura numérica (a.n.) da
objetiva. Pode ser calculado pela seguinte equação:
L.R.
= λ.K
/ an
Donde:
K
= constante de Richardson (0,61)
λ
= comprimento de onda da luz (considere 550 nm como comprimento de
onda para fins de cálculo)
an =
abertura numérica
A abertura numérica é
a medida da capacidade de uma lente para receber informação (luz)
de um objeto e é definida pela equação: a.n. = n . sen θ, onde n
é o índice de refração do meio entre o objeto e a objetiva (n=1
para o ar, n=1,33 para a água e n=1,5 para o vidro e para o óleo de
imersão), e onde θ é o semi-ângulo de abertura, formado pelo eixo
óptico e os raios externos do feixe de luz que penetram na objetiva.
As objetivas que
trabalham a seco apresentam íncide de refração de 1,0 (ou seja, o
mesmo do ar). Já nas lentes de imersão, é necessário o uso do
óleo, que permite trabalhar um aumento mais pesado, sem perda de
resolução. Quando um aluno/a inadvertidamente tenta utilizar a
lente de imersão sem o óleo, além de correr o risco de danificar
equipamento e material de estudo, está sub-utilizando a objetiva,
que irá trabalhar com uma imagem muito mais rica em resolução e
detalhes com o uso do óleo.
De acordo com o que
informamos acima, utilize a fórmula de cálculo de Poder de
Resolução e complete a tabela abaixo, observando os dados do
microscópio que você irá utilizar na aula prática, considerando
uma ocular de 10 x:
Características |
Objetivas
“a seco”
|
Objetiva
de imersão
|
||
Ampliação da objetiva |
4x
|
10x
|
40x
|
100x
|
Ampliação total | ||||
Abertura numérica |
0,10
|
0,25
|
0,65
|
1,25
|
Limite de resolução (μm) |
Algumas
recomendações:
- Se precisar remover o equipamento, segure-o firmemente com uma das mãos no braço e outra na base. Coloque-o bem apoiado sobre a mesa de trabalho de superfície plana, evitando qualquer movimentação brusca. Nunca desloque o aparelho com a lâmpada acesa, ou logo após ter sido apagada, nem o arraste!
- Se o/a professor/a solicitar alguma observação em preparação de meio líquido, como numa suspensão para visualizar protozoários, rotíferos, microcrustáceos, bactérias, algas, etc, cuide, pois há sempre o risco de molhar a lente frontal da objetiva; portanto o conselho é retirar o excesso de líquido com papel de filtro, antes de colocar a lâmina sobre a platina; em de acidente, enxugue imediatamente com papel absorvente macio.
- A imagem que vemos no microscópio é aumentada, virtual e invertida em relação ao objeto analisado. Portanto, ao procurar um determinado local no campo de observação, leve em conta que a imagem que é visualizada na ocular é invertida em sua localização na mesa, sendo necessário ter esse cuidado na busca dos melhores campos de observação.
- Inicie a observação sempre pela lente de menor aumento. A ampliação é dada pelo produto do valor do aumento da ocular pelo da objetiva. Assim, se sua objetiva menor tem uma capacidade de aumento de quatro vezes, sua observação será feita em um aumento de 10 x 4, ou seja, 40 vezes o tamanho do objeto na lâmina. O aumento menor permite uma visão panorâmica da lâmina, e assim você irá optar pelo campo mais conveniente para a observação que o/a professor/a lhe solicitou.
- Realize a calibração de Köhler para obter o máximo poder de resolução das objetivas de seu aparelho. Para isso, siga os passos abaixo:
- Fechar o diafragma ao máximo e focalizá-lo, mexendo no condensador. Aparecerá uma imagem com facetas planas.
- Centralizar a imagem acima, com os parafusos de centralização.
- Abrir o diafragma até iluminar uniformemente o campo.
- Escolha uma estrutura na preparação, mova a lâmina até que o objeto fique exatamente no centro do campo. Uma vez focalizada, mude para a objetiva de aumento imediatamente maior, olhando por fora para evitar o choque com a lamínula, em caso de visualização por aumento de 40 vezes. Procure o foco com vagar, para ter segurança no que é observado. Se a imagem parece embaralhada e confusa, verifique o foco, subindo ou descendo o micrométrico, a fim de refinar o foco.
- O uso da objetiva de imersão é mais delicado, pois a distância focal entre a face da objetiva e a parte superior da lamínula diminui muito quando a ampliação é aumentada. É necessária uma gota de óleo de imersão, que aumenta o poder de resolução da objetiva. Após colocar o óleo, abaixe o tubo até colocar a lente em contato com a gota ainda convexa, até a mudança de forma da mesma; suspenda levemente o tubo, mas sem perda de contato com a gota, coloque os olhos nas oculares e abaixe o tubo muito calmamente; assim que a imagem aparecer, complete a focalização com o micrométrico.
- Nem sempre os resultados são os esperados. É comum que o docente seja chamado por algum/a aluno/a que não está vendo nada no microscópio. Para isso, faça um pequeno checklist:
a)
Verificou se a tomada está ligada corretamente, de acordo com a
voltagem especificada no aparelho?
b)
O interruptor está ligado ou desligado?
c)
O potenciômetro da luz está no mínimo, aparentando mau
funcionamento?
d)
A objetiva e a ocular estão corretamente alinhadas?
e)
O foco está corretamente feito?
f)
A lâmina está com a lamínula para cima?
g)
As lentes estão limpas? Caso não estejam, use um pouco de
álcool-éter embebido num algodão, ou papel filtro seco, e passe
delicadamente nas objetivas e oculares.
Regulagem da iluminação
Nos
microscópios de condensadores móveis, para verificar a
centralização, feche completamente o diafragma e examine a imagem
com a objetiva de menor aumento focalizada numa preparação; em
microscópios que possuem condensador de campo (por onde passam os
feixes de luz), este também deve ser fechado, reduzindo assim o cone
de luz.
Em
ambos os casos a centralização é feita girando os parafusos
laterais do condensador até que a íris do diafragma esteja
exatamente no centro, ou seja, coincidindo com o eixo óptico do
sistema de lentes.
A
imagem da íris do diafragma, uma vez centralizada, deve ser regulada
movimentando o condensador, para cima ou para baixo, até que sua
borda azulada esteja nítida; abre-se então o condensador de campo
ou o diafragma para preencher todo o campo, obtendo-se assim um feixe
luminoso exatamente centrado. Esta iluminação crítica ou de
Köhler, como citamos acima, é portanto, obtida quando o condensador
focaliza a luz no objeto e a luz transmitida do objeto para a
objetiva quase que preenche completamente as lentes.
Cortes
e colorações
Para
uma análise adequada dos materiais ao microscópio, é necessário
que os mesmos estejam cortados com a menor espessura possível, e
corados, de modo a identificar as estruturas em visualização. Os
cortes são feitos em um micrótomo, que irá seccionar o material em
espessura que varia dos 0,5 m
a 20 m,
conforme o tipo de observação que faremos e conforme o meio de
inclusão do material. A parafina, meio de inclusão mais utilizado,
permitirá cortes entre os 5 e os 7 m
de espessura. Inclusões em plásticos, como o glicol-metacrilato, as
resinas epóxi e outros, no entanto, permitem que sejam observados os
tecidos em cortes mais delgados ainda, até a casa dos 0,5 m.
Devido
à pequena espessura dos cortes, eles se tornam muito transparentes.
Para podermos analisar as células e demais componentes do tecido, é
fundamental, portanto, que utilizemo-nos de corantes. Os corantes
apresentam propriedades químicas que conferem uma maior ou menor
afinidade com os componentes formadores dos tecidos. Assim, os
componentes básicos dos tecidos, como os radicais amino dos
aminoácidos, apresentarão uma propriedade denominada acidofilia.
Isso significa que irão desenvolver ligações eletrostáticas com
corantes que apresentem radicais ácidos, como a eosina. Este corante
confere coloração rósea aos substratos aos quais se liga.
Já
os ácidos nucléicos, os proteoglicanos e glicosaminoglicanos, a
pectina da parede celular vegetal, entre outros componentes, de
natureza ácida, irão apresentar grande afinidade pelos corantes
básicos, como o azul de toluidina, o azul de metileno e outros,
amplamente utilizados. O corante básico mais utilizado em nosso
laminário é a hematoxilina, que confere aos componentes ácidos da
célula uma coloração roxa, bastante conspícua. Alguns corantes básicos, como o azul de toluidina, apresentam coloração diferenciada, de acordo com a quantidade de ligantes presentes nas moléculas formadoras das estruturas em observação. Assim, podemos ter cortes com áreas coradas com o azul de toluidina, mas em verde, quando são menos disponíveis os ligantes; em caso de abundantes sítios de ligação a tais moléculas, a coloração passa a um roxo intenso. Essa propriedade chamase metacromasia.
O óleo de irmersão deve ser injetado dentro da objetiva ou fora dela?
ResponderExcluiro óleo de imersão é colocado sobre a lâmina. Quando você clica a objetiva para o local de observação, ele irá ocupar o espaço entre a lâmina e a objetiva, criando as condições para a observação. Não se coloca óleo dentro da objetiva.
Excluir