...the answer, my friend....
Meu querido amigo, mestre e quase guru Attico Chassot me deu a notícia pelo seu blogue: Bob Dylan laureado com o Nobel de Literatura de 2016. Robert Allen Zimmerman, 75 aninhos, de origem russo-judaica, nascido no estado de Minnesota, autor de 30 livros, ícone da contracultura e dono de uma musicografia que influencia e influenciou gerações (ou porque vocês acham que a banda do titio Mick Jagger tem o nome que tem?), recebeu o prêmio por ser um grande poeta, e pelo conjunto de sua obra.
Quando a gente pensa em Bob Dylan pensa logo em "Blowin' in the wind". A letra, de 1963, quase profética (no sentido verdadeiro da palavra, claro), teve diferentes versões, em vários idiomas, inclusive português, pelas vozes de Zé Ramalho e Diana Pequeno, em momentos diferentes. Outras canções do bardo também foram gravadas por brasileiros, como "Jokerman", pela voz de Caetano Veloso (aliás, amigo de Bob), "Negro Amor", por Gal Costa e "Knockin' On Heaven's Door", gravada por Evandro Mesquita e por Zé Ramalho, com levadas bem distintas.
Bob começou a escrever aos dez anos de idade e, ainda adolescente, aprendeu como autodidata piano e guitarra. Começou cantando em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly, mas quando foi para a Universidade de Mineapolis em 1959, voltou-se para a folk music, impressionado com a obra musical do lendário Woody Guthrie, a quem conheceu em New York em 1961.
Bob começou a escrever aos dez anos de idade e, ainda adolescente, aprendeu como autodidata piano e guitarra. Começou cantando em grupos de rock, imitando Little Richard e Buddy Holly, mas quando foi para a Universidade de Mineapolis em 1959, voltou-se para a folk music, impressionado com a obra musical do lendário Woody Guthrie, a quem conheceu em New York em 1961.
O cunho de reflexão social de sua obra, em especial nos anos 60, rotulou-o como "cantor de protesto". Nessas canções, abordava, de fato, temas sociais e
políticos numa linguagem poética. Isso o tornou um fenômeno entre os jovens
artistas folk da época, levando-o ao estrelato folk, principalmente
após sua participação no Newport Folk Festival de 1963, pelas interpretações da grande cantora Joan Baez. Logo Dylan mudou de rumos artísticos, afastando-se do folk
de protesto e voltando-se para canções introspectivas,
ligadas a uma visão muito particular de mundo. As questões sociopolíticas de seu tempo, como racismo, guerra fria, guerra do Vietnã e
injustiça social, cedem espaço para a temática das desilusões amorosas,
amores perdidos, vagabundos errantes, liberdade pessoal, viagens
oníricas e surrealistas, na levada contracultural da poesia beatnik.
Essa
transição se dá entre 1964 e 1966, quando Dylan eletrifica a sua música,
passa a tocar com uma banda de blues-rock como apoio e choca a plateia
folk, com sua aproximação ao rock. Bob sempre teve um lado roqueiro, e, entre seus ídolos, estavam o cantor country Johnny Cash, que já trabalhava com instrumentos elétricos desde
os anos 50. O sucesso dos Beatles e demais roqueiros britânicos na
releitura do rock americano também chamaram-lhe a atenção.Foi aclamado pela crítica, ampliou o seu público, tornando-se
cada vez mais influente entre artistas contemporâneos.
Em maio de 1966, após uma tumultuada turnê pela Inglaterra, Dylan sofreu um grave acidente de moto que o
afastou dos palcos e gravações até 1968. Em seu retorno, surpreendeu o
público e a crítica com o álbum "John Wesling Hardin", fortemente
influenciado pelo country, tendência que acentuou-se no trabalho
seguinte, "Nashville Skyline", que trouxe o clássico "Lay Lady Lay" para
as paradas. Dylan só voltaria a realizar
turnês em 1974, apesar de ter feito participações esporádicas, como no lendário Concerto para Bangladesh de 1971.
Ao voltar as turnês, acompanhado pela The Band, retorna a evidência e ao sucesso. Na retomada da carreira de forma mais ativa, Dylan produz "Blood On Tracks" (1975) e "Desire" (1976), seus melhores discos nos anos 70, aclamados pela crítica. Deste último, a canção "Hurricane", baseado na história de Rubin Carter, um boxeador negro preso injustamente, foi um sucesso espetacular, ao mesmo tempo que a turnê Roling Thunder Revue (75/76) era aclamada por crítica e público.
Divorciou-se em 1977, e afundou em uma pesada crise pessoal, que refletiu-se em seu trabalho artístico. A despeito do berço judeu, converteu-se ao Cristianismo em 1978, investindo em canções com temáticas cristãs. Motivado por sua nova espiritualidade, Dylan gravou três álbuns: "Slow Train Coming" (1979) considerado o mais inspirado dos três, deu a Dylan um Grammy de melhor vocal masculino, pela canção "Gotta Serve Somebody". O segundo álbum, "Saved" (1980), teve uma recepção menos entusiasmada. "Shot of Love" (1981) encerra a fase cristã de Dylan. Com "Infidels", de 1983, Dylan afasta-se da fé cristã, retomando suas raízes judaicas e seu equilíbrio artístico. As apresentações ao vivo, em que volta a interpretar suas canções clássicas, marcam uma reconciliação com seu público.
Ao voltar as turnês, acompanhado pela The Band, retorna a evidência e ao sucesso. Na retomada da carreira de forma mais ativa, Dylan produz "Blood On Tracks" (1975) e "Desire" (1976), seus melhores discos nos anos 70, aclamados pela crítica. Deste último, a canção "Hurricane", baseado na história de Rubin Carter, um boxeador negro preso injustamente, foi um sucesso espetacular, ao mesmo tempo que a turnê Roling Thunder Revue (75/76) era aclamada por crítica e público.
Divorciou-se em 1977, e afundou em uma pesada crise pessoal, que refletiu-se em seu trabalho artístico. A despeito do berço judeu, converteu-se ao Cristianismo em 1978, investindo em canções com temáticas cristãs. Motivado por sua nova espiritualidade, Dylan gravou três álbuns: "Slow Train Coming" (1979) considerado o mais inspirado dos três, deu a Dylan um Grammy de melhor vocal masculino, pela canção "Gotta Serve Somebody". O segundo álbum, "Saved" (1980), teve uma recepção menos entusiasmada. "Shot of Love" (1981) encerra a fase cristã de Dylan. Com "Infidels", de 1983, Dylan afasta-se da fé cristã, retomando suas raízes judaicas e seu equilíbrio artístico. As apresentações ao vivo, em que volta a interpretar suas canções clássicas, marcam uma reconciliação com seu público.
Um momento especial se deu em 1985, quando participa
do especial "We are the world" com outros 40 grandes nomes pela campanha contra a fome na África. Outro momento lendário se deu depois de
uma turnê com a lendária banda californiana Grateful Dead, quando ele lança o
álbum "Oh Mercy" (1989), elogiado pela qualidade inesperada das canções. Nessa mesma época,
volta às paradas com o supergrupo "Traveling Wilburys", formado com os
amigos George Harrison, Tom Petty, Jeff Lynne e Roy Orbison. A morte de Roy Orbinson fez o grupo sair da cena...
Nos anos 90, Bob Dylan volta a gravar folk tradicional, acústico, sem importar-se com o pouco apelo comercial deste gênero nos dias atuais. Em 1992 é realizado um show tributo em grande estilo, com a participação de vários nomes do rock, country e do soul cantando suas músicas: Eric Clapton, Stevie Wonder, Neil Young, Willie Nelson, Lou Reed, entre outros. Lançou um acústico pela MTV em 1994, lançou um trabalho com inéditas em 1997. Esse álbum, "Time Out Of Mind" ganhou vários prêmios Grammy e foi considerado por muitos uma nova ressurreição artística, confirmada pela qualidade de "Love and Theft" (2001).
Nos anos 90, Bob Dylan volta a gravar folk tradicional, acústico, sem importar-se com o pouco apelo comercial deste gênero nos dias atuais. Em 1992 é realizado um show tributo em grande estilo, com a participação de vários nomes do rock, country e do soul cantando suas músicas: Eric Clapton, Stevie Wonder, Neil Young, Willie Nelson, Lou Reed, entre outros. Lançou um acústico pela MTV em 1994, lançou um trabalho com inéditas em 1997. Esse álbum, "Time Out Of Mind" ganhou vários prêmios Grammy e foi considerado por muitos uma nova ressurreição artística, confirmada pela qualidade de "Love and Theft" (2001).
Atualmente registra-se um novo interesse pela vida e obra de
Dylan, com o lançamento oficial de várias gravações piratas, além do
lançamento do documentário "No Direction Home", de Martin Scorsese, que
flagra os anos iniciais de sua carreira (1961-1966) e, mais
recentemente, com "Modern Times", seu novo álbum lançado em 2006, com o
qual, pela quarta vez na carreira, Dylan conquistou a liderança do
ranking dos mais vendidos dos Estados Unidos, vendendo 192.000 cópias na
primeira semana. No dia 3 de maio de 2012, Bob Dylan foi condecorado com a Medalha da
Liberdade, a maior honra civil dos Estados Unidos. Na cerimônia, Dylan
foi condecorado pelo presidente Barack Obama, que não poupou elogios ao
cantor, que entrou mudo e saiu calado, ao seu estilo.
Além de escrever muito, Bob Dylan também pinta e desenha tendo lançado um livro de desenhos "Drawn Blank" em 1994. Fez a sua primeira exposição denominada "The Drawn Blank Series" no Museu Kunstsammlungen em Chemnitz (Alemanha) (onde há obras de Munch e Picasso) entre Outubro de 2007 e 3 de Fevereiro de 2008 com 175 aquarelas e guaches.
Bob Dylan recebendo o Nobel é algo de extrema importância para os músicos e compositores de todo o mundo. A consagração do discurso das letras como Literatura era algo necessário para as artes como um todo. A importância de suas canções, ao longo da turbulenta história da segunda metade do século XX, é reconhecida pela comissão do Prêmio Nobel.
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